Ubaitaba, no sul da Bahia, não é conhecida como "Cidade das Canoas" à toa. Banhado pelo Rio de Contas, o município de pouco mais de 17 mil habitantes é onde o medalhista olímpico e porta-bandeira do Brasil nesta sexta-feira (26) na abertura das Olimpíadas de Paris, Isaquias Queiroz, nasceu e se apaixonou pelo esporte.

A relação da cidade com a canoagem já começa com o nome: Ubaitaba é uma palavra indígena que significa canoa pequena (ubá), rio (y) e aldeia (taba). O esporte que ganhou destaque com as medalhas olímpicas do baiano, na verdade surgiu de um meio de sobrevivência na cidade.

Separada dos municípios vizinhos pelo Rio de Contas, as canoas eram a forma de locomoção e de comércio em Ubaitaba. Pessoas e mercadorias sempre desceram e subiram o rio em direção a Aurelino Leal, que fica na outra margem, e Itacaré, a 53 km. 

Nos anos 90, o cenário começou a mudar e o meio de transporte virou esporte. A transformação partiu de Jefferson Lacerda, morador da cidade que queria realizar um sonho de criança: ir para as Olimpíadas. Como a canoagem era esporte olímpico desde 1936, quando os jogos aconteceram em Berlim, ela se tornou uma possibilidade para o baiano. 

"Eu e alguns amigos começamos a treinar canoagem no rio e difundir o esporte em Ubaitaba e em outras cidades da região, como Ubatã e Itacaré", afirmou. 

A ideia deu certo, Jefferson entrou para a seleção brasileira e foi convocado para as Olimpíadas de Barcelona, em 1992. O baiano virou referência no esporte e inspiração na pequena cidade do sul baiano. 

Atualmente, Ubaitaba tem um centro de treinamento nas margens do Rio de Contas. Segundo Jefferson, diferente de muitos municípios baianos, lá as crianças não entram na escolinha de futebol, mas sim nas aulas de canoagem. 

Além de Ubaitaba, existem centros de treinamento do Governo do Estado em Itacaré e Ubatã e também foram entregues novos centros em Camamu e Itajuípe, todos eles municípios próximos a Ubaitaba. A região é casa de outros atletas que também estarão em Paris:

 Jacky Godman, de Itacaré. O baiano de 25 anos participou dos Jogos de Tóquio e será dupla de Isaquias em Paris, na prova de 1.000 metros.

 Valdenice Conceição, de Itacaré. A baiana de 34 anos é a primeira atleta da história a conquistar uma vaga olímpica para o Brasil na canoagem feminina.

 Mateus Nunes, de Itacaré. Com 18 anos, ele é o canoísta mais jovem do time Brasil. Ele foi medalhista de bronze na Copa do Mundo de Canoagem, em sua categoria, no C2 500m.

 


Confira curiosidades sobre Ubaitaba:

  É sede da Federação Baiana de Canoagem e da Associação Cacaueira de Canoagem;

O centro de canoagem de Ubaitaba é considerado o principal celeiro de atletas da canoagem no Brasil;

Em 1914, uma enchente do Rio de Contas destruiu o "Arraial de Tabocas", como a cidade era chamada, e os habitantes precisaram reconstruir o local;

Em 2021, o centro foi destruído por causa de fortes chuvas que causaram a cheia do rio;

O centro foi reformado e entregue em 2022;

A canoagem se popularizou ainda mais na região com as medalhas de ouro de Isaquias Queiroz nas Olimpíadas de Tóquio e com a possibilidade do bolsa atleta, programa que beneficia atletas de alto rendimento em competições nacionais e internacionais.

Foto: Danilo Borges /Brasil2016

O orgulho do filho de Ubaitaba

Nas redes socias, o campeão olímpico Isaquias Queiroz falou sobre o orgulho de ter sido escolhido para conduzir a bandeira do Brasil no desfile de abertura das Olimpíadas de Paris 2024. O baiano vai desfilar ao lado da atleta Raquel Kochhann, capitã da equipe de rugby de 7.

"É indescritível a sensação que estou sentindo desde o momento que recebi a informação que iria ser um dos porta-bandeira representando o Brasil. Só gratidão...", comentou. Fotos GovBa

Poste um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem