Convidada de Daniela Mercury para o primeiro do Carnaval de Salvador, no Campo Grande, Fafá de Belém fala sobre o encontro com a Rainha do Axé nesta quinta-feira (8): "São duas mulheres potentes, livres e que se manifestam com a certeza do que pensam e respeitam. Quando a voz de uma mulher ecoa falando de liberdade, pertencimento e abraço, não há quem segure", disse Fafá. A dupla puxa a Pipoca da Rainha, no tradicional Circuito Osmar.
Um atraso de quase duas horas se torna pequeno quando duas gigantes da música brasileira soltam a voz em cima do trio elétrico. Daniela Mercury e Fafá Belém provaram isso no primeiro dia do Carnaval de Salvador, nesta quinta-feira (08), no Circuito Osmar (Campo Grande). A demora causada por problemas técnicos no caminhão causou certa impaciência nos fãs, mas quando elas começaram a cantar, o encontro das duas potências se consagrou como um dos mais alegres e significativos até aqui e mostrou que a folia deste ano promete.
Vestida pelo estilista Eduardo Amarante,
Daniela surgiu com um vestido rosa deslumbrante e uma capa de mesma cor – o
figurino definido como “OxumMaria”. Ao iniciar a Pipoca da Rainha, a artista
soltou a voz interpretando “Exalou”, canção lançada em 2020, no álbum Perfume.
Em frente ao Camarote da Prefeitura, montado na praça do Campo Grande, a eterna Rainha do Axé recebeu Fafá de Belém. Foi ao som de “Filho da Bahia”, composição de Walter Queiroz para a primeira versão da novela Gabriela, que as duas artistas começaram a encantar os foliões juntas.
A cantora paraense surgiu com o vozeirão
singular, reconhecível em qualquer lugar do país, vestida com um maiô branco e
um manto de crochê azul, representando Iemanjá. Após performar a celebração à
baianidade na primeira música, a dupla embalou sucessos como “Vermelho”, canção
celebrizada na vos de Fafá, e “Emoriô”, composição de João Donato.
“São duas mulheres potentes, livres e que se manifestam com a certeza do que pensam e respeitam. Quando a voz de uma mulher ecoa falando de liberdade, pertencimento e abraço, não há quem segure”, disse Fafá.
Pouco antes de iniciar a apresentação juntas, Daniela Mercury destacou o carinho e a admiração que sente por Fafá de Belém. “Ela é uma deusa da Música Popular Brasileira, me ensinou a cantar. Ela não veio aqui à toa. Ela vai subir no trio e vai ficar comigo o tempo inteiro”, disse, ressaltando que havia deixado claro para a artista paraense qual seria o repertório: “Eu disse para ela [Fafá], ‘o que você souber cantar, cante comigo’”, disse Mercury.
A apresentação ao lado de Daniela Mercury, em pleno Carnaval, é ainda mais nostálgica quando Fafá de Belém relembra o início da carreira profissional. Quando tinha apenas 18 anos, a paraense desembarcou em Salvador para iniciar aulas de artes cênicas no Teatro Vila Velha. Talvez, naquela época, Fafá não imaginasse que, no palco do mesmo teatro, ela faria seu primeiro show oficial, em 1975.
Há cerca de 50 anos, a cantora Fafá de Belém dava os primeiros passos para a consolidação de uma carreira artística no palco do Teatro Vila Velha, em Salvador. Foi em território soteropolitano que a paraense fez o seu primeiro show oficial. Prestes a comemorar o jubileu de ouro, Fafá retorna a Salvador de forma especial: convidada de Daniela Mercury, um dos maiores ícones do Axé Music, para o primeiro dia de Carnaval da cidade.
A história de Fafá em Salvador não se resume apenas às raízes da carreira profissional. Ainda em 1975, a artista paraense participou do Bloco Jacu, um dos mais antigos da Bahia. “Foi aqui que tudo começou, onde o amor pela música se encontrou com a paixão desse povo caloroso. Aceitar esse convite é como voltar para casa, onde cada nota ressoa com lembranças e sorrisos compartilhados”, afirma. Leia mais no correio* / Desfile do trio de Daniela Mercury no Circuito Osmar (Campo Grande). Foto: Joabe Reis