O secretário-geral da ONU, António Guterres, negou ter justificado qualquer ataque do Hamas contra Israel durante sua fala no Conselho de Segurança da ONU.
"Estou chocado
com as interpretações erradas de algumas das minhas declarações de ontem no
Conselho de Segurança – como se eu estivesse justificando os atos de terror do
Hamas. Isto é falso, foi o oposto", disse ele nesta quarta-feira (25).
Na terça, em
discurso de abertura da sessão, o secretário-geral falou de uma "ocupação
sufocante" de Israel na Palestina.
"É importante
reconhecer que os atos do Hamas não aconteceram por acaso. O povo palestino foi
submetido a 56 anos de uma ocupação sufocante. Eles viram suas terras serem
brutalmente tomadas e varridas pela violência. A economia sofreu, as pessoas
ficaram desabrigadas e suas casas foram demolidas", discursou Guterres.
Ele disse, em seguida,
que "os sofreres do povo palestino não poderiam justificar os ataques do
Hamas".
Ainda assim, as
autoridades israelenses demonstraram indignação com a fala.
Ainda na
terça-feira, o ministro das Relações Exteriores, Eli Cohen, cancelou uma
reunião agendada com Guterres, enquanto o enviado de Israel à ONU, Gilad Erdan,
pediu a demissão do secretário-geral, dizendo que Israel deve repensar as suas
relações com o organismo mundial.
“Recusaremos
conceder vistos a representantes da ONU. Já nos recusamos a dar um ao
subsecretário-geral para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths”, disse Erdan
à Rádio do Exército nesta quarta, acusando Guterres de justificar um massacre.
“É hora de ensinar uma lição a eles”.
Após a repercussão
negativa, o secretário-geral fez um discurso breve em que reiterou partes da
fala feita na abertura do Conselho de Segurança da ONU.
"No início da
minha fala de ontem, afirmei claramente – e volto a citar: 'Condeno
inequivocamente os horríveis e sem precedentes atos de terror de 7 de outubro
cometidos pelo Hamas em Israel.'"
"Nada pode justificar o assassinato, o ferimento e o rapto
deliberado de civis – ou o lançamento de foguetes contra alvos
civis", releu.
Guterres afirmou ainda que foi necessária a retratação um dia depois do discurso inicial "por respeito às vítimas e às suas famílias." G1 / Foto da ONU / Jean Marc Ferré