Os Estados Unidos aliviaram temporariamente, nesta quarta-feira (18), as sanções sobre o petróleo, gás e ouro venezuelanos. A medida foi adotada depois que o governo de Nicolás Maduro e a oposição fecharam um acordo sobre as eleições de 2024.
Em troca, os
norte-americanos pediram o fim das inabilitações de políticos e a libertação
dos presos políticos na Venezuela.
Washington havia
prometido que levantaria as sanções se Caracas desse passos concretos em favor
de eleições livres e transparentes em 2024.
O Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac), do Tesouro dos EUA, emitiu nesta quarta-feira uma licença de seis meses que "autoriza temporariamente transações relacionadas ao setor de petróleo e gás na Venezuela", e que será renovada apenas se Caracas honrar seus compromissos.
O embargo
petroleiro estava em vigor desde abril de 2019 e limitava a comercialização,
vital para a economia do país.
Uma segunda licença
autoriza transações com a estatal venezuelana Minerven, para "reduzir o
comércio de ouro no mercado informal", informou o Tesouro.
Também foram
alteradas duas licenças "para eliminar a proibição da negociação
secundária de certos títulos da PDVSA", estatal venezuelana do petróleo. A
proibição da negociação no mercado primário continuará em vigor.
O presidente Maduro expressou satisfação com as medidas, anunciadas após meses de negociações nos bastidores. Com esses acordos, a Venezuela "retorna com força ao mercado de petróleo e gás, de forma progressiva", comemorou.
Primeiro passo
O presidente
venezuelano, cuja reeleição em 2018 não foi reconhecida pelos Estados Unidos,
estimou que "está sendo dado o primeiro passo na direção correta para o
levantamento progressivo e sustentado de todas as sanções contra a
Venezuela".
O levantamento
parcial foi obtido graças ao acordo fechado na véspera, em Barbados, entre o
governo e a oposição venezuelano. O chefe da diplomacia americana, Antony
Blinken, considerou o episódio como "um passo concreto para a solução da
crise política, econômica e humanitária na Venezuela".
Blinken alertou, no
entanto, que Washington "tomará medidas se os compromissos não forem
cumpridos". O restante das sanções impostas pelos Estados Unidos à
Venezuela como parte de uma cruzada internacional para obter a saída de Maduro
"segue vigente", ressaltou.
O acordo determina
que as próximas eleições presidenciais sejam realizadas no segundo semestre de
2024, com a presença de observadores internacionais. Por outro lado, continua
sem solução a questão das inabilitações políticas.
Desta forma, María
Corina Machado, favorita para as primárias da oposição, pode não conseguir
formalizar sua candidatura contra Maduro, uma vez que está proibida de exercer
cargos públicos por 15 anos.
Presos
Os Estados Unidos entendem que a Venezuela tomará uma série de medidas "até o fim de setembro", como "definir um calendário e um processo específicos para a habilitação acelerada de todos os candidatos", destacou Blinken.
"Todos os que
desejarem se candidatar a presidente devem ter a oportunidade e ter o direito à
igualdade de condições eleitorais, à liberdade de movimento e a garantias para
a sua segurança física."
Washington também
acredita que o governo venezuelano começará a libertar "todos os cidadãos
americanos e presos políticos venezuelanos presos injustamente" no país.
"O não cumprimento dos termos deste acordo levará os Estados Unidos a reverter as medidas que tomamos", advertiu Blinken. G1 / Foto: Ricardo Stuckert/PR