O presidente Lula se reuniu nesta quarta-feira (20) com o presidente americano, Joe Biden. Os dois países lançaram um programa conjunto de defesa dos direitos trabalhistas frente aos desafios tecnológicos, climáticos e econômicos.
Este foi o segundo encontro dos dois presidentes desde a posse de Lula.
Antes da reunião, eles falaram com a imprensa. O presidente Joe Biden disse
que Brasil e Estados Unidos estão se erguendo para defender os direitos humanos ao
redor do mundo - inclusive direitos trabalhistas.
Lula destacou a importância do encontro ao afirmar que democracias
correm perigo.
“Eu acho que é um momento histórico, exemplar, quando olhamos a
geopolítica do mundo, nós percebemos que as oportunidades estão cada vez se
fechando e a democracia cada vez corre mais perigo, porque a negação da
política tem feito com que setores extremistas tentem ocupar o espaço em função
da negação da política no mundo inteiro”, declarou Lula.
Depois da bilateral a portas fechadas, os presidentes Lula e Joe Biden
lançaram uma parceria na área de direitos trabalhistas. Estados Unidos e Brasil se comprometeram a cooperar para valorizar
o trabalho digno e inclusivo, com direito à diversidade e ao meio ambiente. Líderes
sindicais dos dois países participaram do evento, além do diretor-geral
da Organização Internacional do Trabalho, Gilbert Houngbo,
e do ministro do Trabalho, Luiz Marinho.
O documento conjunto, apenas com as linhas gerais, propõe, entre outros
pontos:
- ·
ampliar o conhecimento sobre direitos
trabalhistas;
- ·
capacitar trabalhadores e proteger
direitos de quem trabalha por meio de plataformas digitais;
- ·
e buscar parceiros do setor privado
para criar empregos dignos, combater a discriminação e promover a diversidade.
Biden defendeu que os pobres tenham a oportunidade de subir na vida; disse: "Os ricos não pagam impostos suficientes". Afirmou que as novas tecnologias, incluindo a inteligência artificial, têm que trabalhar em prol das pessoas e colocou como meta o fim da discriminação em local de trabalho.
Lula falou em seguida. Disse que o objetivo da proposta conjunta é
oferecer mais perspectiva, especialmente para a juventude, em um momento em que
o mercado de trabalho passa por transformações - como a crise climática e a
inteligência artificial - e alertou para os efeitos nocivos da informalidade.
“O saldo é que nós temos hoje 2 bilhões de trabalhadores que estão no
setor informal, segundo a OIT. O dado concreto é que nós temos 240 milhões de
trabalhadores que, mesmo estando trabalhando, vivem com menos de US$ 1,90 por
dia. É inaceitável que mulheres, minorias étnicas e pessoas LGBTQIA+ sejam
discriminadas no mercado de trabalho”, afirmou Lula.
Ao
lado de Biden, Lula ainda defendeu a importância dos sindicatos. Ele lembrou que no início do governo criou uma mesa de negociação
com a participação de sindicalistas e empresários para apresentar propostas
adequadas aos novos desafios das relações de trabalho.
No fim do dia, a Casa Branca disse que, na reunião a portas fechadas,
Lula e Biden ressaltaram a importância da restauração da democracia na Venezuela e
que o presidente Biden reiterou o apoio dos Estados Unidos ao povo da
Venezuela.
Em maio, Lula recebeu o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em Brasília, e criticou as sanções impostas ao país. Em julho, em um encontro de líderes latinos e europeus, Brasil, França, Argentina e Colômbia fizeram uma declaração conjunta pedindo o fim das sanções em troca da garantia de eleições justas e transparentes na Venezuela em 2024. Jornal Nacional / Foto: Ricardo Stuckert / PR