O 7 de setembro é um marco para história do país. Nessa mesma data, em 1822, D. Pedro I deflagrou a Independência do Brasil. No entanto, para que este fato acontecesse, movimentos paralelos foram fundamentais.
O historiador Murilo Melo destaca duas essenciais e que deram início ao
processo de Independência: a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana.
Conhecida como revoltas separatistas.
"Ponto de partida a Conjuração Baiana e
Inconfidência Mineira, que são movimentos separatistas, mas queriam separar
apenas essas capitanias específicas. Não se tinha ideia de unidade",
explicou em entrevista ao iBahia
Mas tudo começa a ganhar um novo contexto quando a família real
portuguesa desembarca no Brasil em 1808. A chegada dos portugueses traz uma
série de transformações importantes, como a abertura dos portos às nações
amigas, o que impulsionou a economia brasileira.
"Aí, outra data importante, é o 1808, que é a vinda da família
real. Isso vai alterar bastante a organização do Brasil. Vai ter a abertura dos
portos, que vai acabar o pacto colonial. Vai ter a elevação do Brasil a Reino
Unido em 1815", disse o historiador.
Dentro desse cenário, o domínio de Portugal parecia consolidado, mas não
agradava os portugueses, especialmente porque o país português vivia uma crise
interna, polícia e econômica, principalmente devido a ausência do rei.
A reação portuguesa à crise provocou a Revolução Liberal do Porto.
Segundo Murilo Melo, as cortes exigiam duas coisas de imediato: o retorno de
Dom João VI e sua família à Lisboa e o rebaixamento do Brasil à condição de
colônia.
"Esse aí é o start da Independência, porque não vamos aceitar essa
recolonização. Deputados vão viajar para assembleia em Portugal, para construir
a nova constituição e vão saber desses ideais portugueses de fechar novamente
os portos, de tirar a categoria de reino unido a Portugal desde 1815",
explica.
D. João VI acabou cedendo e retorno para Lisboa em abril de 1821, mas
deixou seu filho no Brasil. Durante a regência de D.Pedro no Brasil, as cortes
portuguesas continuavam a tomar medicas que aumentavam a insatisfação dos
brasileiros com Portugal.
Isso reforçou o desejo do Brasil à separação, ou seja, a sua
independência. Dessa forma, as elites brasileiras fizeram um movimento a fim de
juntar as províncias e formar algo novo, o Brasil. Para isso, D. Pedro
precisaria se manter no país.
"A partir dessa notícia aqui no Brasil, uma parte das elites tem a
ideia de juntar essas províncias [brasileiras] e formar algo novo, que é o
Brasil. O Brasil é uma ideia. E eles começaram a costurar essa possibilidade de
juntar o Brasil e precisavam de alguém que seja muito bem quisto pelo povo, e
essa pessoa é Dom Pedro", conta o historiador.
Foi o movimento das elites brasileiras que resultou em 9 de janeiro de
1822, o Dia do Fico. A data ficou conhecida como o dia em que D. Pedro decidiu
permanecer no Brasil.
Em maio daquele mesmo ano, foi decretada uma ordem conhecida como"
Cumpra-se", que determinava que todas as ordens emitidas de Portugal só
tivessem validade caso legitimadas pelo príncipe regente.
No entanto, as cortes portugueses permaneceram intolerantes com os
interesses brasileiros e em agosto daquele ano, novas ordens chegaram do país:
D.Pedro deveria retornar para Portugal, os privilégios de abertura do país
seria revogados e os ministros de D.Pedro presos por traição.
Convencidos de que a ruptura entre Brasil e Portugal deveria acontecer,
Maria Leopaldina assinou o decreto de Independência e despachou com urgência
para D.Pedro que estava a São Paulo. Assim, no dia 7 de setembro, a comitiva
dele foi interceptada pelo mensageiro enviado pela esposa e José Bonifácio e,
enfim, o príncipe regente declara a Independência do Brasil, às margens do rio
Ipiranga.
"No 7 de setembro, D. Pedro estava saindo de Santos para
arregimentar essa nova ideia de Brasil, convencer partidários, partes da elite.
Depois de ir a Santos com a comitiva dele, ele sobe a serra do mar em direção a
São Paulo e é interceptado pelo mensageiro enviado pela mulher dele e
Bonifácio, e aí ele dá o grito do Ipiranga", relata Murilo Mello.
Mas, a Independência do Brasil não foi pacífica e uma guerra acometeu
diferentes partes do país com o intuito de expulsar as tropas militares
portugueses do território. Essas batalhas aconteceram em diversas províncias,
incluindo Maranhão, Pará, Piauí, sendo considerada a mais importante as da
Bahia.
"Boa parte das batalhas aconteceram nas regiões praieiras. Pituba,
Rio Vermelho, tiveram batalhas assim. E outras ocorreram, como foi o caso da
Batalha de Pirajá, em estradas de entrada da cidade", explicou o
historiador Sávio Roz ao especial 2 de Julho do iBahia.
A Batalha de Pirajá, em 8 de novembro de 1822, é considerada a mais
significativa realizada no território de Salvador.
"A Batalha de Pirajá foi a mais significativa nesse sentido, porque
foi a batalha onde houve a resistência da ocupação desse isolamento. Os
brasileiros estavam ocupando a região e os portugueses precisavam dela
desobstruída para poder receber esses alimentos vindos do Recôncavo",
explica.
Apesar de não ter sido a última batalha no processo de Independência,
ela ficou conhecida por levantar a moral dos militares vitoriosos, o que
provocou a diminuição das tropas portuguesas da região e um aumento das
brasileiras, com voluntários efetivos vindos de todo o país.
Após a Batalha de Pirajá, o Exército Pacificador manteve a luta contra
as tropas portuguesas que administravam a Bahia até o dia 2 de Julho de 1823.
Nesta data, as brasileiras conseguiram uma vitória definitiva contra Madeira de
Melo e os portugueses na região, passando a ser a data em que é celebrada a
Independência do Brasil na Bahia.