Um plano de investimentos com memorando de entendimentos entre o Governo da Bahia e a empresa Acelen foi assinado neste sábado (15), em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, pelo governador Jerônimo Rodrigues e Khaldoon Al Mubarak, CEO do Mubadala Investment Company, um investidor soberano líder global. A formalização do compromisso aconteceu na mesma cerimônia de encontro do presidente Lula com o presidente do país, Mohammed bin Zayed al Nahyan.
“A Bahia também vai ter um compromisso de incentivos fiscais e
de investimento em infraestrutura e logística. Estamos felizes em darmos mais
esse passo para seguir com o desenvolvimento do estado. O memorando visa ainda
geração de emprego e cuidado com o meio ambiente”, destacou o governador
Jerônimo.
Já figurando como um dos estados líderes na produção nacional de
energias renováveis (eólica e solar), a partir desse investimento, a Bahia
tem a perspectiva de se tornar, nos próximos anos, o maior exportador
mundial do chamado “diesel verde” ou HVO (Hydrotreated Vegetable Oil).
Ao longo do projeto, que prevê investimentos de R$ 12 bilhões
nos próximos dez anos, a expectativa é produzir 1 bilhão de litros de
combustíveis renováveis por ano. Com a iniciativa, a empresa se tornará um dos
líderes mundiais neste segmento a partir de culturas agrícolas de alta energia,
desde o plantio das sementes até a produção dos combustíveis renováveis. A
principal aposta será em diesel renovável e querosene de aviação sustentável,
produzidos por meio do hidrotratamento de óleos vegetais e gordura animal. A
previsão é que a empresa inicie a produção no primeiro trimestre de 2026.
De acordo com o vice-presidente de Relações Institucionais da
Acelen, Marcelo Lyra, o projeto envolve a agricultura familiar e a agricultura
em larga escala. “É um investimento muito significativo, com uma cadeia longa e
que vai gerar cerca de 17 mil empregos, diretamente. Faremos estudos e
pesquisas em inovação para desenvolvimento científico, trabalhando desde a
semente da macaúba, para melhorando genético, passando pela mecanização da
cultura, até o biorefino. Atuaremos junto com a Secretaria de Ciência,
Tecnologia e Inovação do Estado, com o Senai Cimatec, da Fieb, e uma série de
entidades e universidades”, explicou.
Fases do
projeto
Na primeira fase do projeto, em sinergia com o potencial
agrícola do Brasil, serão usados óleo de soja e matérias-primas complementares,
que possuem o maior volume disponível e competitividade no país. Na segunda
etapa, serão usados óleo de Macaúba, árvore nativa do Brasil com alto potencial
energético ainda não explorada em escala comercial, e óleo do dendê, com
previsão de início de plantio em 2025. O projeto prevê o plantio em área de 200
mil hectares, priorizando terras degradadas, o equivalente a 280 mil campos de
futebol.
O projeto foi estruturado para ter integração com a Refinaria de
Mataripe, aproveitando a infraestrutura existente de utilidades, tancagem e
logística. Será construída uma unidade de geração de hidrogênio sustentável,
para o hidrotratamento dos combustíveis. A previsão é iniciar as obras já em
janeiro de 2024.
A sustentabilidade também é uma característica do
empreendimento, que foi desenhado com ampla descarbonização em toda a cadeia
integrada, com o uso de planta nativa de alta energia e absorção de gás
carbônico da atmosfera e recuperação de áreas degradadas. Além de impactar
positivamente a biodiversidade, com este projeto, a Acelen vai impulsionar
ainda mais a economia local, gerar milhares de empregos, transformando a
realidade social, econômica e ambiental de toda região.
Sobre a
Macaúba
Planta brasileira com alta produtividade de óleo por hectare.
Altamente competitiva em relação a outras culturas, oferece maior
eficiência no uso da água e nutrientes. Como espécie perene nativa,
oferece uma gama de serviços ambientais como a conservação ou até mesmo
recuperação da biodiversidade, à medida que áreas degradadas serão
substituídas por bosques de macaúba. Com isso, haverá cobertura vegetal,
conservando o solo e sua biota, contribuindo para a recuperação de
mananciais de água e servindo de fonte de alimento para aves e outros
animais nativos. Seu cultivo será feito utilizando as melhores práticas
agrícolas e ambientais, favorecendo a captura de carbono e a redução de
emissão de CO2 da semente ao combustível.