Morreu nesta quarta-feira (21), aos 74 anos, o ator Pedro Paulo Rangel, de insuficiência respiratória. Ele estava internado desde o fim de outubro em tratamento contra uma doença pulmonar obstrutiva crônica.


Pedro Paulo Rangel dizia que demorou para perder a timidez diante das câmeras. Para quem o via da sala de casa, a televisão e o ator pareciam ter nascido um para o outro.


Foram muitos papéis, e em todos personagens memoráveis. Foi galã em “Saramandaia”, um padre estrangeiro em “A Indomada”, foi o irmão da vilã, interpretada por Fernanda Montenegro, em “Belíssima”. 

Em 1975, em “Gabriela”, fez o primeiro nu masculino da TV brasileira. “Era uma cena muito bonita, que a chuva chegava nessa hora que os dois estavam sendo expulsos nus da cidade e a Gabriela chegava na cidade”, lembrou o ator em depoimento ao Memória Globo.

Em 1992, quebrou preconceitos ao interpretar um gay: Adamastor, em “Pedra sobre pedra”.

Se dependesse dos pais, Pedro Paulo Rangel teria sido oficial da Marinha. Na família também não tinha nenhum artista, foi um vizinho, um ator amador, que o fez tomar gosto pelo teatro quando tinha 11 anos.

“Através desse vizinho, eu fui tomando conhecimento dessa atividade, que existia a arte de interpretar”, disse Pedro Paulo Rangel ao Memória Globo.

Foi conhecendo e se apaixonando. Pepê, como Pedro Paulo era chamado pelos amigos, estreou profissionalmente nos palcos com o espetáculo “Roda Viva”, de Chico Buarque, em 1968.

A peça foi proibida durante a ditadura: “Nós sofremos dois ataques. Um em São Paulo, outro em Porto Alegre e ambos de um grupo paramilitar chamado CCC, Comando de Caça aos Comunistas. Hoje em dia dá para rir, mas na época foi terrível.”

Pedro Paulo Rangel ganhou três prêmios Molière de melhor ator, um dos mais importantes do teatro. O primeiro foi em 1982. Ele contracenou com Marieta Severo, Carlos Gregório e Stela Freitas na peça “Aurora da minha vida”, de Naum Alves de Souza. A história se passava dentro de uma sala de aula e foi baseada na vida do autor como aluno e professor. 

Nos quase 60 anos de carreira, Pedro Paulo se dividiu entre os palcos e as telas.

Com um talento especial para o humor, também fez o Brasil sorrir por décadas. Em 1981, o ator foi convidado por Jô Soares para fazer parte do programa “Viva o Gordo”.

Depois, em 1988, participou de um dos marcos do humor na televisão brasileira. Ele entrou para o elenco do programa “TV Pirata”.

“É muito bom você trabalhar para o divertimento dos outros, seu trabalho ser a alegria de alguém, então isso é fantástico. Eu agradeço muito que eu tenha essa capacidade, fico feliz que isso me acompanhe”, disse o ator ao Memória Globo.

Nós também ficamos. Em “O cravo e a rosa”, lá está ele, levando alegria em cada cena com o divertido Calixto. Em um dos personagens inesquecíveis do ator, toda a gentileza, a alegria e a genialidade de Pedro Paulo Rangel. Jornal Nacional / O ator Pedro Paulo Rangel na novela 'Pedra sobre Pedra', da TV Globo — Foto: Acervo Globo

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