Além
do conhecimento, ao final do encontro, cada um dos 35 novos produtores
presentes na formação recebeu uma colmeia e uma caixa vazia para formar uma nova
colmeia para compartilhar com alguém da comunidade onde mora. A meliponicultura
é a criação de abelhas sem ferrão, que produzem um mel muito apreciado,
nutritivo e de alto valor comercial. A garrafa de 1 litro do produto custa, em
média, R$ 240.
Para
Adriana de Castro, bióloga gestora da Área de Proteção Ambiental (APA) Litoral
Norte e técnica da Novo Encanto, trata-se de um projeto de natureza
socioambiental: “Estamos trabalhando com abelhas nativas da Mata Atlântica e
contribuindo para a polinização dos remanescentes florestais, ao mesmo tempo em
que fomentamos renda para as comunidades, apoiando-as para que possam produzir
e vender produtos associados de abelha, como mel, pólen e própolis”.
Adriana
destaca ainda que a diminuição da população de abelhas reduz em até 80% a
polinização das plantas. “Outros animais, além do vento e da água, também fazem
a polinização, mas a abelha tem este papel principal. Então, este projeto liga
a contribuição para a manutenção do equilíbrio da biodiversidade, algo que a
Bracell realiza em suas áreas, com o lado social”, ressalta.
O
nutricionista Daniel Cady, sócio do meliponário, começou a criação de abelhas
durante a pandemia. “Eu e minha família nos encantamos com as abelhas. Quando
entendi o papel delas, eu me interessei ainda mais e senti a necessidade de
formar um espaço não só para multiplicar as abelhas, mas a ideia. Queremos que
as pessoas tenham uma alternativa para reforçar o orçamento. Este é um grande
momento para quem quer empreender, multiplicar, curar e se reconectar com a
natureza. Isso que está começando aqui vai valer a pena”, afirma.
Para
ele, a presença de áreas de preservação, como as da Bracell, ajuda a manter o
equilíbrio: “A gente precisa aprender a conviver com diferentes atividades,
mantendo as matas de pé para assegurar a saúde das pessoas e do planeta”.
Elício
Neves, da comunidade quilombola de Piaçava, em Esplanada (BA), já cria abelhas
com ferrão (apicultura) e está iniciando a meliponicultura. “Estamos aprendendo
mais sobre o manejo dela para poder passar este aprendizado para frente,
incentivando outros polinizadores a fazerem o mesmo e a formar uma rede de
pessoas conscientes de que precisamos salvar essas espécies importantíssimas
para a polinização”, diz.
Milena
Oliveira, analista de Responsabilidade Social da Bracell, lembrou que a empresa
já tem investimentos em apicultura e que esse é o primeiro passo para a
meliponicultura. “Em parceria com a Novo Encanto, reunimos pessoas que são
referência nesta atividade e que estão juntas nesta troca de experiências e na
construção de conhecimentos. Estamos iniciando com o pé direito”, ressalta.
Projeto Polinizadores
Além
do estímulo à meliponicultura, a Bracell mantém o Projeto Polinizadores que, na
Bahia, reúne mais de 100 apicultores parceiros nos municípios de Alagoinhas,
Entre Rios, Esplanada, Inhambupe, Mata de São João e Ouriçangas. O projeto
contribui para o desenvolvimento da atividade nos estados da Bahia e de São
Paulo, promovendo o múltiplo uso dos plantios de eucalipto nas áreas por meio da
qualificação e do suporte técnico para melhoria da infraestrutura de produção
de mel e derivados.
Por meio dele, a empresa autoriza produtores credenciados a manejarem apiários nas áreas de preservação ambiental da companhia de modo a aproveitar a florada silvestre nestes locais. Somente em 2021, a iniciativa contou com mais de 330 apicultores na Bahia e em São Paulo, movimentando uma renda superior a R$ 1 milhão. Bracell / Foto: Acervo Bracell.