Os alunos do município de Araci, região sisaleira da Bahia, Isla Santana e Flávio Rafael, orientados pela professora Pachiele da Silva, do Centro Territorial de Educação Profissional do Sisal II, desenvolveram um protótipo não-invasivo para controle glicêmico a partir da saliva.
Para
que seja possível aferir com o fluxo salivar, os pesquisadores revelaram que
fazem uma adaptação dos métodos já usados para calcular a glicose através do sangue.
“O protótipo é desenvolvido através de uma adaptação de procedimentos já
existentes. A tecnologia é idealizada e desenvolvida numa metodologia que
consiste em um resistor revestido com um tecido que contém uma enzima reagente
à glicose, que ao entrar em contato com a saliva do paciente gera uma reação
que é interpretada por um dispositivo eletrônico”, explica Isla.
O
projeto foi criado porque os estudantes viram a necessidade de elaborar um
método não-invasivo para que as pessoas diabéticas não sentissem dor na hora de
fazer o monitoramento. “Foi uma forma de se colocar no lugar do próximo, sentir
sua dor e ajudar com o que a gente pudesse, que, no nosso caso, foi por meio da
ciência. Outra coisa que nos impulsionou a idealizar a pesquisa, foi um contato
que tivemos com a avó de uma pessoa próxima, que nos contou sobre suas
dificuldades e desprazeres diários devido ao tratamento do diabetes”, revela
Flávio.
Isla destaca que o
maior objetivo do projeto é disponibilizar no mercado uma alternativa confortável
e indolor de medição glicêmica. De acordo com ela, a tecnologia será muito
benéfica para os portadores da doença. “Nosso produto irá promover conforto e
simplicidade ao paciente diabético que, rotineiramente, sofre com calos,
ansiedade e má circulação nos dedos devido a esses métodos que utilizam o
sangue como biomarcador da glicemia. Iremos promover uma qualidade de vida
melhor a essas pessoas que necessitam de um automonitoramento glicêmico”.
A
tecnologia, que está em fase de desenvolvimento, faz parte do Programa Ciência
na Escola, da Secretaria de Educação, e foi uma das vencedoras da 9ª Feira de
Ciências, Empreendedorismo e Inovação da Bahia (FECIBA). “Estamos na etapa de
mapeamento das variáveis que podem interferir na medição da glicemia através da
saliva. No futuro, assim que tivermos tudo isso mensurado e tivermos nosso
protótipo testado por pessoas diabéticas, pretendemos levá-lo ao mercado e
torná-lo acessível ao mais variado tipo de público diabético”, diz Flávio.
A
orientadora do projeto, Pachiele da Silva, destaca que essa é uma pesquisa que
tem grande relevância social e é uma forma de melhorar a qualidade de vida das
pessoas. “Uma oportunidade ímpar, por toda sua relevância social. Possibilitar
qualidade de vida a essas pessoas, conseguindo, assim, medir seus índices
glicêmicos a partir da saliva, não havendo necessidade de furos na derme
diariamente, na coleta de sangue. Quem é diabético sabe bem a luta diária que é
conviver com o controle através do sangue”.
A
diabete é uma doença crônica que atinge milhões de brasileiros. De acordo com
dados liberados pela Federação Internacional de Diabetes em 2021, o número de
doentes no Brasil pode chegar a 16,8 milhões, cerca de 7% da população. Os
diabéticos têm restrições alimentares e precisam acompanhar diariamente o
índice glicêmico.
Bahia Faz Ciência
A Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) estrearam no Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico, 8 de julho de 2019, uma série de reportagens sobre como pesquisadores e cientistas baianos desenvolvem trabalhos em ciência, tecnologia e inovação de forma a contribuir com a melhoria de vida da população em temas importantes como saúde, educação, segurança, dentre outros. As matérias são divulgadas semanalmente, sempre às segundas-feiras, para a mídia baiana, e estão disponíveis no site e redes sociais da Secretaria e da Fundação. Se você conhece algum assunto que poderia virar pauta deste projeto, as recomendações podem ser feitas através do e-mail comunicacao.secti@secti.ba.gov.br. A Tarde / Foto: Henrique Coelho