O ex-juiz Sergio Moro, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e principal nome da operação Lava Jato, se filiou nesta quarta-feira (10) ao partido Podemos, do senador e ex-candidato presidencial Álvaro Dias, do Paraná, com o objetivo de participar das eleições de 2022.
Moro, no entanto, não definiu para qual cargo concorrerá, mas
a cúpula do Podemos já o classifica como "futuro presidente do
Brasil".
Assim, Moro é mais um dos nomes ventilados para a chamada
"terceira via", que representaria uma alternativa ao atual presidente
Jair Bolsonaro e ao ex-mandatário Luiz Inácio Lula da Silva, que ainda não
anunciou oficialmente a sua candidatura, mas é apontado como favorito nas
pesquisas.
"Se para tanto, for necessário assumir a liderança nesse
projeto, meu nome sempre estará à disposição do povo brasileiro", disse
Moro durante a cerimônia de filiação em Brasília. "Não fugirei dessa luta,
embora saiba que será difícil", acrescentou.
Atualmente, a bancada do Podemos na Câmara dos Deputados
conta com 10 parlamentares, de um total de 513, e nove senadores, de um total
de 81.
De acordo com as últimas pesquisas de intenção de voto para
2022, Bolsonaro soma 26% de apoio do eleitorado, contra 44% de Lula. Moro, por
sua vez, não chega a 10%.
Moro foi o principal nome da
operação Lava Jato, que revelou uma rede de pagamento de propinas a políticos
em troca de contratos com a Petrobras. Em 2017, quando comandava a 13ª Vara da
Justiça Federal em Curitiba, o ex-juiz condenou Lula a nove anos e meio de
prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ex-presidente permaneceu
19 meses na prisão e foi impedido de concorrer nas eleições de 2018, que
elegeram Bolsonaro.
Bolsonaro, por sua vez, afirma que Moro é um "traidor", enquanto Lula o acusa de conspirar para impedir sua candidatura em 2018.
Lula foi colocado em liberdade em novembro de 2019, em meio a questionamentos sobra a atuação dos investigadores da Lava Jato. Entre março e junho de 2021, o Supremo Tribunal Federal anulou as condenações contra Lula e declarou Moro um juiz "parcial" nesses casos.
"A entrada do Moro na política alimenta o discurso dos antilavajatistas, dos críticos da operação Lava Jato, porque, naquela época, diziam que ele tinha um projeto eleitoral, que queria ser presidente, coisa que ele sempre negou", disse à AFP Edson Sardinha, diretor de redação do site Congresso em Foco.
Moro, por outro lado, assinalou que sua eventual candidatura
"não é um projeto pessoal de poder".
Se não conseguir apoio suficiente para concorrer à
Presidência, especula-se que ex-juiz poderia tentar uma vaga no Senado. em / Foto: Saulo Rolim / Sérgio Lima / Danilo Martins