O deputado estadual Carlos Ubaldino (PSD), concedeu uma entrevista ao jornalista Jefferson Beltrão.
O parlamentar
diz que o governo estadual precisa oferecer mais incentivos à plantação de milho, à criação de
bovinos e à piscicultura das bacias do Tucano e doItapicuru, no Nordeste
baiano.
Durante sua fala,
Ubaldino cita a força dos municípios do semiárido como Itapicuru, Olindina e Ribeira
do Pombal, e a forte produção de milho no município de Inhambupe.
Assista a entrevista na TV ALBA que será reprisado na próxima sexta às 16h30; sábado às 20h; segunda às 13h45 e terça às 14h30
Veja íntegra da
entrevista:
O governo precisa
oferecer mais incentivos à plantação de milho, à criação de bovinos e à
piscicultura das bacias do Tucano e doItapicuru, no Nordeste baiano. O recado é
do deputado estadual Pastor Ubaldino (PSD), para quem a região “sempre foi
muito desprezada”. Nesta entrevista, também transmitida pela TV Alba (canal
aberto 12.2 e 16 na Net), ele também cita “um certo desgaste” na base de apoio
do governo, destaca a importância dos ensinamentos evangélicos e garante: suas
principais bandeiras são “a preservação da família e a saúde dos mais
carentes”.
O senhor está em seu
quarto mandato e é esse o seu projeto político, buscar sempre uma nova eleição
ou tem outras pretensões?
O
que me levou a ingressar na política foi ver o sofrimento de um cidadão pai de
família sentenciado à morte, faltando três meses para morrer, sem condições de
adquirir um leito para tomar soro no hospital de Olindina. Ali nasceu em mim o
desejo de trabalhar em prol das pessoas mais carentes. Então, em 1982 fui
eleito vereador de Olindina. Depois, assumi a presidência da Câmara até 1988,
quando então recebi um chamado muito especial pra assumir o pastorado na igreja
de Saúde, com jurisdição eclesiástica em Pindobaçu e Caldeirão Grande. Assumi o
pastorado, comecei a gostar de ler a Bíblia, a ensinar aqueles que dependiam do
meu potencial eclesiástico, e dali fui transferido para Porto Seguro, onde fui
pastor por quase três anos. E quando o ministério da Igreja Assembleia de Deus
foi escolher uma pessoa para os representar na Assembleia Legislativa, a sorte
caiu sobre a pessoa de Carlos Ubaldino.
Quer dizer que o
senhor concilia as duas funções?
Concilio.
Também sou pregador da palavra de Deus. E tenho a aceitação dos meus
companheiros pastores, que hoje são mais de dois mil. A ciência e a
inteligência caminham juntas e a perseverança e a esperança também. Quando eu
chego, sempre sou bem recebido com um microfone para fazer menção da palavra de
Deus.
Como pastor
evangélico, como avalia a proximidade com o poder público de determinadas
igrejas, algumas verdadeiros impérios como a Igreja Universal do Reino de Deus,
do bispo Edir Macedo?
Isso
é profundo, porque “toda escritura é divinamente inspirada e proveitosa para
ensinar, para redarguir e instruir em justiça, para que o homem de Deus seja
perfeito e perfeitamente inspirado para uma grande obra”. O bispo Edir Macedo
foi inspirado para uma grande obra. Mas muitos, na realidade, deixam o poder ou
o dinheiro subir [para a cabeça]. Porque o dinheiro é bom, compra a cama mas
não compra o sono, compra a casa mas não compra o lar, compra a saúde mas não
compra a vida. Então, quando nos dias de Israel qualquer governo deixava o
poder subir para a cabeça, como [o rei] Nabucodonosor que bateu no peito e
disse “não é esta a Babilônia que eu mesmo construí com a força do meu poder e
para a glória da minha majestade?”, Deus tirou dele o instinto de homem e de
ser humano e ele pastou sete anos no campo comendo relva com os animais.
No governo Bolsonaro,
por exemplo, que tem como slogan “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, é
perceptível a influência religiosa que vai desde as pautas de comportamento
ditadas pelo Palácio do Planalto até a indicação de cargos. O senhor concorda
com esse tipo de influência?
Eu
não concordo. De uma fonte não pode emanar água salgada e água doce [ao mesmo
tempo]. Tem coisas do presidente Jair Bolsonaro que são louváveis, mas tem
coisas que não.
O que, por exemplo?
[De
louvável], a integridade e lealdade com o erário público. E o que não concordo
é... Às vezes, a pessoa erra por não conhecer, erra por lapso – eu não queria
falar esta palavra mas já falei – e erra por hábito. Tem coisas que ele fala
que eu não concordo.
Por exemplo?
Eu
me sinto à vontade para ficar calado para não me comprometer.
O senhor tem algum
alinhamento político com o governo Bolsonaro?
Não,
eu sou da base do senador Otto Alencar. Eu fui eleito a primeira vez pelo PSC,
e depois o senador Otto Alencar me pediu pra gente fundar o PSD aqui na Bahia,
onde temos hoje, graças ao trabalho dele, 109 prefeitos consagrados nas urnas
de cada cidade.
Já que o senhor citou
o senador Otto Alencar, há quem o defenda como um bom nome para a disputa pelo
governo da Bahia em 2022. O senhor acredita nessa possibilidade?
No
momento, eu o vejo realizando um grande trabalho no Senado Federal. Mas, por
certo, a disputa pelo governo da Bahia vai ser acirrada.
Como avalia as
articulações políticas da base de apoio do governador Rui Costa, da qual o senhor
faz parte, neste ano pré-eleitoral? Alguns partidos caminham para desembarcar
do governo?
Não
se descarta essa possibilidade, porque observe: “debaixo dos céus há tempo para
todas as coisas, tempo de ajuntar pedras e tempo de espalhar pedras”. A gente vê
o governo já há 16 anos no poder e não resta dúvida que gera um certo desgaste.
Mas o governo vem fazendo um bom trabalho.
Que partidos seriam
mais propensos a deixar a base de apoio do governo?
Não
tenho conhecimento, no momento, de possíveis partidos [que poderão deixar o
governo], mas, por certo, haverá.
Deputado, quais são as
principais bandeiras políticas que movimentam sua atuação na Assembleia
Legislativa?
A
minha principal bandeira política é preservar a família e a saúde dos mais
carentes. Inclusive, tenho um projeto de lei em tramitação na Assembleia
Legislativa que obriga hospitais privados a dar os primeiros socorros a vítimas
de acidente. Quem é acidentado muitas vezes é levado para o hospital mais
próximo e o hospital diz que não pode receber, porque a vítima não tem plano de
saúde ou cheque caução. É o mesmo que dizer: vai morrer mais na frente porque
aqui nós não podemos receber. Então, o nosso projeto obriga o hospital privado
a ter que dar os primeiros socorros, valorizando a vida acima do dinheiro.
Quando assumiu o atual
mandato, no início deste ano, no lugar do deputado Jânio Natal, que deixou a
Assembleia Legislativa para assumir a prefeitura de Porto Seguro, o senhor
afirmou que sua atuação seria voltada para os interesses dos baianos e contra
os projetos que ferissem os princípios cristãos. Já aconteceu de o senhor se
posicionar contra algum projeto por esse motivo?
Já. Aqui nós
confessamos e professamos a fé em Cristo Jesus e defendemos a família, porque
Deus criou macho e fêmea, os instituiu em família e disse “crescei e
multiplicai”. Não tenho nada contra a opção de qualquer cidadão, mas tenho que
preservar a fé que eu professo. Então, a minha bandeira é preservando a
família.
Mas como ficam os
interesses da parcela da população que não se enquadra no conceito tradicional
de família?
É
um direito que o cidadão ou a cidadã tem hoje, mas “o manjar foi criado para o
ventre e o ventre para o manjar”. Por isso Deus criou macho e fêmea. Hoje
estamos vivendo um mundo que tem outras opções, mas não adotamos esta prática.
Eu sou um homem temente a Deus e zeloso pela família. A família se cria com os
ensinamentos de Deus. Inclusive, a Bíblia ensina à criança o caminho que deve
andar. Moisés, depois de grande, não aceitou ser chamado filho da filha de
faraó, porque ele conhecia o berço da família dos hebreus.
Quais são suas
principais conquistas na Assembleia Legislativa?
Temos
diversas conquistas. Demos mais de 100 [declarações de] utilidade pública,
aprovamos um projeto de lei que possibilitou a Convenção Estadual das
Assembleias de Deus a ser de utilidade pública. Tivemos a conquista do terreno
do CECBA [Centro de Cultura Cristã da Bahia], que hoje é um grande templo, um
dos melhores da Bahia, onde também temos uma creche para oferecer às nossas
crianças o verdadeiro ensinamento, escolas e oficinas. E muitos outros projetos
que temos protocolados.
O senhor que é natural
de Cipó e também representa a região de Olindina, como avalia a atenção dada
pelo governo a essas regiões?
Está
precisando melhorar. A região da Bacia do Tucano e da BR 110 sempre foi muito
desprezada. Hoje, quem sai pela BR 110 tem consciência de que chega a Paulo
Afonso. Anteriormente, era mais difícil. Além das estradas que eram muito
ruins, quem saía daqui não tinha esperança de chegar a Paulo Afonso. Hoje
melhorou. O governo tem feito o possível para, pelo menos, preservar. É uma
região que está dentro do semiárido e se tornou um verdadeiro Paraná pertinho
da capital. São pessoas que batem 50 mil sacas de milho, mas ainda precisam do
incentivo tanto do governo federal como do estadual, para que a Bacia do Tucano
seja realmente um polo a nível mundial, não só nacional.
Quais são as
principais demandas dessas regiões?
Fomentar
a plantação de milho que hoje é o carro chefe, o feijão que foi desprezado, a
piscicultura da Bacia do Rio Itapicuru e a criação de bovinos. É uma região
quente. Você tira o boi do Baixo Sul e coloca no semiárido de Inhambupe,
Olindina, Itapicuru, Paripiranga, Cícero Dantas, Ribeira do Pombal, e ele rende
um arroba e meia por mês dentro do capim. Isso é fantástico.
E o que falta para
desenvolver mais essas atividades?
Está
faltando o governo voltar os olhos para a região, que é riquíssima. Eu tenho um
amigo, Paulo da Manteiga, em Itapicuru, por exemplo, que no ano passado plantou
pouquinho mas bateu 17 mil sacas de milho. Este ano chegou a 28 mil. Quer
dizer, uma pessoa da roça que, se tiver incentivo do governo, faz da região um
verdadeiro celeiro nacional. Você chega hoje num posto de Olindina ou Inhambupe
e encontra 20, 30 carretas carregando milho.
Na eleição para o
governo estadual em 2022 o senhor deve apoiar qual candidato?
Por
enquanto, estamos com o nosso senador Otto Alencar, por fidelidade e
consideração.
Mas então o senador
Otto Alencar é pré-candidato?
Não
descarta a possibilidade.
O senhor aposta nessa
ficha?
Não,
mas acho que o PT tinha que ser generoso [com o senador], porque duas vezes o
senador foi generoso com o PT.
Mas caso os principais
candidatos sejam, conforme cogita-se, o senador Jaques Wagner e o ex-prefeito
ACM Neto, o senhor deve se alinhar com quem?
É
coisa que a gente ainda vai refletir, mastigar, remoer, fazer como a verdadeira
ovelha, para poder ter uma definição certa. Eu acho que tanto está de parabéns,
se o povo abraçar, o senador Jaques Wagner, que já teve um trabalho prestado à Bahia,
como também ACM Neto. Se tivesse um termômetro e pudesse colocar no coração dos
dois, ia detectar boas intenções para com a Bahia.
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