Ele estava internado desde a última sexta-feira (22) e já vinha enfrentando problemas de saúde há alguns anos. Foi para o hospital com um quadro de infecção generalizada, após uma perfuração no esôfago. Gilberto Braga era casado com Edgar Moura Brasil, decorador e seu companheiro por quase 50 anos.
O teledramaturgo nasceu
no Rio de Janeiro em 1º de novembro de 1945. Cursou a faculdade
de Letras na Pontifícia Universidade Católica do Rio e começou a trabalhar
dando aulas na Aliança Francesa.
Sucesso
A novela Dancin’ Days (1978)
alcançou grande sucesso e marcou a estreia de Gilberto Braga no horário nobre,
como autor titular, além de ter sido a primeira novela
contemporânea e adaptação de romance consagrado. A trilha sonora internacional,
basicamente com canções de discoteca, foi um sucesso de vendagem, com mais de 1,5
milhão de cópias, assim como a trilha nacional, com 1 milhão de cópias,
estimulando o crescimento de novas casas do gênero. A novela também lançou
diversos modismos,, como voos de asa delta e meias de lurex usadas com
sandália.
A Rede Globo informou
que Gilberto chegou a cursar Direito e a prestar concurso para o
Itamaraty, mas não avançou em nenhuma das duas carreiras. Atuou como
professor de francês e foi crítico de teatro e cinema no jornal O Globo,
entre outras funções, tudo isso antes de se dedicar exclusivamente à teledramaturgia.
O novelista assinou – sozinho
ou em parceria com renomados autores – grandes sucessos e tinha como um
dos traços mais marcantes de suas obras a crítica social. Normalmente, suas
histórias eram ambientadas na cidade do Rio, por onde tinha o prazer e o hábito
de caminhar pelas ruas, o que fazia dele um grande entendedor da vida carioca.
Seu primeiro trabalho na Globo foi
em 1972, com uma adaptação de A
Dama das Camélias para
o programa Caso Especial, com direção de Walter Avancini. A
história foi protagonizada por Glória Menezes. Depois, vieram outros episódios
para o programa. Um deles, especificamente, fez muito sucesso à época: As Praias Desertas,
que tinha no elenco Dina Sfat, Yoná Magalhães e Juca de Oliveira.
A experiência de escrever uma
novela veio em 1974. Sob o título A
Corrida do Ouro,
Gilberto assinou a trama ao lado de Lauro César Muniz e Janete Clair. Ele tinha
apenas 29 anos e sua grande fonte de inspiração e formação foi Janete, como fazia
questão de dizer em entrevistas que concedeu ao longo da carreira.
Vieram, então, as adaptações Helena e Senhora,
ambas exibidas em 1975. Nesse mesmo ano, assumiu o desafio de dar continuidade
à novela Bravo!, de Janete Clair. A autora precisou se
dedicar a um novo projeto e Gilberto passou a assinar a autoria da trama, que
foi ao ar no horário das sete.
Seu primeiro grande sucesso,
no entanto, foi Escrava Isaura, exibida em 1976, um marco da
teledramaturgia nacional. Gilberto assinou a adaptação que o tornou
muito conhecido quando tinha apenas 31 anos. Escrava Isaura é
uma das obras mais vendidas e exibidas no mercado internacional.
Em 1977, ele escreveu Dona Xepa,
que narrava a história de uma popular feirante, vivida por Yara Cortes. Exibida
no horário das seis, a obra obteve o melhor desempenho de audiência da faixa
até então. A estreia no chamado horário nobre, das 20h, foi em 1978, com Dancin’ Days. Sonia
Braga despontava no papel principal – que tinha a personagem de Joana Fomm como
antagonista. Em 1980, escreveu Água
Viva, que contou com a
coautoria de Manoel Carlos a partir do capítulo 57. Na novela Brilhante, de
1981, Gilberto teve a contribuição de Euclydes Marinho e de Leonor Bassères. O
autor repetiu a parceria com Leonor em suas duas obras seguintes: Louco Amor (1983)
e Corpo a Corpo (1984).
Gilberto escreveu em 1986 sua primeira minissérie, Anos Dourados, com direção de Roberto Talma. Tratava-se de uma história ambientada durante o governo JK. O casal protagonista foi vivido por Malu Mader e Cássio Gabus Mendes. Gilberto também assinou a produção musical da minissérie. O autor nunca escondeu a sua ligação com o universo da música. Ele escolhia grande parte das trilhas sonoras de suas novelas e os temas dos personagens. Agência Brasil /Foto: Marcio Nunes