Apesar de Bolsonaro ter dito que o valor do novo benefício será o dobro do atual (R$ 190 em média), ainda não foi estabelecido de onde sairão os recursos para cobrir a despesa. A MP que prevê o parcelamento de precatórios da União ainda não foi assinada: “Virá mais tarde”, disse o presidente.
Aumentar o valor do benefício e ampliar o número de
beneficiados, sem dúvida nenhuma, é uma medida acertada, de modo a favorecer as
famílias mais pobres.
No
entanto, duas observações
1) Será
preciso esperar para ver qual será o formato do novo programa e quais serão as
exigências para que as famílias tenham acesso ao benefício. Conhecendo-se o
governo Bolsonaro, não será surpresa se houver condicionantes draconianas.
2) Com
a popularidade em queda, o projeto tem nítido caráter eleitoreiro. E não se
trata de opinião de quem vos escreve, mas de relembrar palavras do próprio
Bolsonaro, que sempre se manifestou com violência contra o Bolsa Família,
dedicando palavras de desprezo às pessoas pobres. O presidente já chamou os
beneficiários do Bolsa Família de “vagabundos”, “pobres coitados”, que se
acostumam à “ociosidade”. Neste artigo de
1º/8/2020 listei dez frases em que ele se manifesta contra o programa,
demonstrando desprezo aos beneficiários.
O próprio nome “Auxílio Brasil” já embute uma carga de
preconceito, pois “auxílio” é uma ajuda que se dá, sem que o outro,
necessariamente, tenha feito algo por merecê-lo. Portanto, é benemerência, não
direito.
Com o preço do combustível veicular nas alturas, botijão de gás
a preço proibitivo, carestia batendo à porta, inflação ameaçando fugir do
controle e empresários pulando do barco que ajudaram a conduzir até agora,
Bolsonaro busca capturar uma faixa do eleitorado que sempre lhe foi hostil,
principalmente no Nordeste.
Porém, se o projeto “Auxílio Brasil” servir, de fato, para
melhorar a vida dos mais vulneráveis, sem criar condicionantes excludentes, que
seja aprovado.
Mas não se pode esquecer quem é Bolsonaro: um sujeito que faz
tudo em nome do poder, com o objetivo de conseguir um segundo mandato, para
concluir a desgraceira na qual atolou o País em apenas dois anos e meio de
governo. Informações, O Povo /