Decano do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Marco Aurélio Mello se disse "perplexo" com a decisão do Exército de arquivar processo que apurava a participação do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, em um ato político com o presidente Jair Bolsonaro. — Como cidadão e integrante do Judiciário, fiquei perplexo. Como integrante da turma Euclydes Figueiredo da Escola Superior de Guerra de 1983, eu aprendi que disciplina e hierarquia são fundamentais paras as Forças Armadas — disse o ministro ao GLOBO.
Com aposentadoria marcada para o dia 5 de julho, o decano
explicou que a perplexidade foi gerada pela sinalização de que "haveria
uma punição".
— Porque era mesmo um palanque, era só constatar que ao lado [de
Pazuello] estava um deputado federal que acompanha sempre o presidente da
República. Deputado federal é político — afirmou.
Além do decano, integrantes da Corte ouvidos reservadamente
entendem que a opção pelo arquivamento do processo disciplinar contra o general
da ativa desgasta a imagem das Forças Armadas, colaborando para uma perda de
credibilidade da instituição.
Em nota divulgada nesta quinta-feira, o Exército informou que
"não restou caracterizada a prática de transgressão disciplinar por parte
do General Pazuello".
No dia 23 de maio, Pazuello participou e discursou de um ato
feito por Bolsonaro após um passeio de moto no Rio de Janeiro. O procedimento
administrativo foi aberto porque militares da ativa não podem se manifestar
politicamente.Na semana passada, Pazuello apresentou sua justificativa oficial
e afirmou que ato não era político-partidário porque que Bolsonaro não é
filiado a nenhum partido e que não há campanha em andamento no país. O
argumento foi reforçado pelo presidente, que, sem referir-se ao procedimento,
disse no mesmo dia que o ato não teve "viés político". Leia mais no yahoo / Foto Rosinei Coutinho/STF