O Instituto Butantan vai suspender completamente a produção da CoronaVac, vacina contra a Covid-19, por falta de matéria-prima nesta sexta-feira (13).
O
Instituto aguarda a liberação pelo governo chinês de um lote com 10 mil litros
de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) para retomar a produção.
No
final de abril, o Instituto já havia suspendido o envase do imunizante na
fábrica do Brasil, mas os setores de rotulagem e controle de qualidade ainda
funcionavam para entregar as doses para o Ministério da Saúde.
Com
a entrega estimada para esta sexta-feira (14) de mais 1,1 milhão de doses da
CoronaVac para o governo federal, não há mais material para processamento em
nenhuma etapa de produção.
De
acordo com o Butantan, até a chegada de novos lotes do IFA, os setores vão
assumir a produção da vacina da gripe.
O
Butantan aguardava a liberação de ao menos 3 mil litros de IFA até o sábado
(15). No entanto, o diretor do Instituto, Dimas Covas, afirmou nesta quarta
(12) que não há mais previsão de quando a matéria-prima deve chegar.
“Até
o final da semana passada, havia a perspectiva de autorização de exportação [do
IFA] no dia 13. Na reunião de hoje [com o laboratório Sinovac], vimos que essa
previsão não vai se cumprir. Portanto, não temos data neste momento para essa
autorização. Estamos aguardando, isso pode acontecer a qualquer momento, mas
por enquanto não há essa previsão", disse em coletiva de imprensa na
quarta-feira (12).
O
governo de São Paulo tem participado de reuniões com o embaixador do Brasil na
China para tentar viabilizar a autorização para a exportação dos insumos da
vacina.
De
acordo com o governador João Doria (PSDB), com os 10 mil litros de IFA prontos
no laboratório da Sinovac na China para serem enviados ao Brasil, o Instituto
poderá produzir aproximadamente 18 milhões de doses da CoronaVac.
Doria
atribui os entraves na importação às constantes declarações contra a China
feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
"Se
não recebermos mais insumos para mais vacinas, nós infelizmente teremos que
parar a produção. Então é muito importante que a diplomacia brasileira, o
ministro das Relações Exteriores, os embaixadores possam atuar para que o
governo chinês libere o embarque destes 10 mil litros de insumos da vacina do
Butantan", afirmou o governador na quarta.
A
China é fornecedora de matéria-prima para a produção tanto da CoronaVac, do
Instituto Butantan, como da vacina de Oxford, produzida pela Fiocruz. A
CoronaVac corresponde a aproximadamente 75% das vacinas contra a Covid
aplicadas no Programa Nacional de Imunização (PNI).
No
estado de São Paulo, ao menos 65 cidades já interoperam a aplicação da segunda
dose por falta da CoronaVac, segundo levantamento da GloboNews.
Contratos
com o Ministério da Saúde
O
Butantan cumpriu na quarta-feira (12) a entrega de todas as 46 milhões de doses
da CoronaVac previstas no primeiro contrato firmado com o Ministério da Saúde
para o PNI.
Inicialmente,
o montante total estava previsto para o final de abril, mas houve atraso por
conta da falta de matéria-prima. A nova remessa de 1,1 milhão de doses desta
sexta (14) já referente ao segundo contrato de 54 milhões de doses que devem
ser entregues até setembro.
Na
segunda (10), Dimas Covas disse que o programa nacional poderá ser afetado a
partir de junho, caso o Instituto não receba um novo lote.
Veja abaixo as entregas de doses do Butantan ao ministério:
Janeiro:
8,7 milhões
Fevereiro: 4,583 milhões
Março: 22,7 milhões
5 de abril : 1 milhão
7 de abril : 1 milhão
12 de abril : 1,5 milhão
14 de abril: 1 milhão
19 de abril: 700 mil
22 de abril: 180 mil
30 de abril: 420 mil
6 de maio: 1 milhão
10 de maio: 2 milhões
12 de maio: 1 milhão - totalizando as 46 milhões do primeiro contrato
14 de maio: 1,1 milhão
G1 / Foto: Fabiano Sabino/Prefeitura Porto Real