O Tempo - Em meio a críticas sobre a atuação do governo federal na pandemia da Covid-19 e após o governador João Doria (PSDB) ter protagonizado o início da vacinação no Brasil, Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (19) não poder dizer que é um “excelente presidente”, mas fez uma contraposição com administrações anteriores.
“Não vou dizer que sou um excelente presidente, mas tem muita
gente querendo voltar o que eram os anteriores, reparou? É impressionante,
estão com saudades de uma [...]”, disse o presidente, em conversa com
apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.
A fala do presidente foi transmitida por um site bolsonarista e
ocorre também em meio a uma ofensiva de campanhas de opositores a favor do
impeachment de Bolsonaro, impulsionadas pelo colapso da saúde em Manaus e pela
reação negativa em relação ao início da vacinação no país.
Na breve interação com apoiadores, Bolsonaro também disse estar
“cumprindo missão” à frente do governo.
O
presidente está sob forte pressão com o avanço do coronavírus no Brasil e a
eclosão, na semana passada, de uma situação crítica em Manaus após o
esgotamento dos estoques de oxigênio.
Bolsonaro ainda sofreu uma derrota política no fim de semana,
após ver fracassar a tentativa do governo federal de importar um lote de 2
milhões de vacinas da Oxford/AstraZeneca na Índia. Com isso, o pontapé da
imunização no Brasil foi protagonizada por Doria, visto como adversário
político pelo Palácio do Planalto e provável adversário em 2022.
Além de Doria ter protagonizado o ato simbólico de vacinação da
primeira brasileira, o Ministério da Saúde só tem no momento doses da Coronavac
para distribuir aos estados.
Desenvolvida por uma farmacêutica chinesa em parceria com o
Instituto Butantan, a Coronavac esteve no centro da chamada "guerra da
vacina" entre Doria e Bolsonaro.
Bolsonaro já se referiu ao imunizante como “vacina chinesa” e
prometeu que ela não seria comprada pelo Ministério da Saúde. A pasta acabou
firmando contrato para a compra de 100 milhões de doses da vacina do Butantan.
Nos últimos dias, movimentos como o Vem Pra Rua e o MBL
(Movimento Brasil Livre), que encabeçaram as manifestações pelo impeachment da
ex-presidente Dilma Rousseff (PT), reforçaram pressão pela saída de Bolsonaro.
Nomes da política à direita e à esquerda, como João Amoêdo
(Novo) e Fernando Haddad (PT), também aderiram à campanha pelo impeachment nas
redes sociais.