O ex-governador, ex-ministro e ex-deputado estadual pela Bahia César Borges comentou o fechamento após 20 anos da fábrica da Ford no estado, localizada em Camaçari. A decisão acompanha a iniciativa da montadora de deixar as operações no país e foi anunciada ontem (11). Em entrevista a Mário Kertész durante o Jornal da Bahia no Ar da Rádio Metrópole de hoje (12), César Borges demonstrou surpresa com o anúncio.
"Lamentavelmente, a década passada foi, economicamente, um desastre para o país. Ele não cresceu por vários motivos, fiscais, logísticos. Isso fez com que a Ford viesse enfrentando dificuldades. Eu acompanho esse processo porque sou procurado por eles. Tive encontros em Brasília com ministros quando era senador e quando estava no Banco do Brasil. Conversei na época com o governador Jaques Wagner em minha época. As coisas foram no sentido de dar condições para a Ford permanecer. Para mim, foi uma surpresa total e completa. Foi uma bomba que caiu no meu colo, da Bahia e do Brasil. Eu lamento muito. Ontem, dia 11 de janeiro, é um dia triste para a Bahia. Vamos ter que repensar um pouco, ou muito, o desenvolvimento industrial do estado", comentou o ex-governador.
César
Borges ainda falou que a iniciativa foi precipitada e que não há um consenso
sobre os rumos do país na economia nos próximos anos. "Sempre andar para
trás é muito ruim. A mim me deixa morfinado, triste e preocupado. O fechamento
da Ford é uma decisão estratégica da empresa. Ela se precipitou. Eles dizem que
procuraram muito o governo federal, mas é um governo que fala muito em
liberalismo econômico. Liberalismo significa deixar o empresário. Se ele não se
aguentar das pernas, ele quebra. O que houve é que se havia dificuldades para
investir, por exemplo, em modernização da própria fábrica, caminhando para
baixa emissão de poluentes e setor de motores elétricos, a Ford precisaria
investir muito", comentou.
"Há
uma diversidade que não tinha há 20 anos atrás. A Ford, que era para ter 12% do
marketshare de mercado de automóveis do Brasil, hoje está em torno de 7%. Era a
quarta montadora e hoje está em quinto ou sexto lugar. Essas dificuldades
precisariam ser vistas para quem trata da política industrial, seja na área
federal ou estadual", acrescentou. Informações, metro1 / Foto reprodução/internet