A eficácia do medicamento é entre 78% e 100%. O percentual ultrapassa o mínimo exigido para aprovação, que é de 50%. Segundo o governo, a eficácia de 100% foi atingida na proteção contra mortes, casos graves e internações.
“As pessoas que receberam as vacinas não tiveram nenhum
caso grave da doença, em comparação com as que não receberam a vacina”,
explicou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan. Ainda de acordo com o
diretor, a vacina da CoronaVac evitou também a internação de todos os
voluntários.
“No momento, a pessoa pode até se infectar. Mas a vacina
previne que essa pessoa vá para o hospital e seja internada”, detalhou Covas.
Em relação aos casos leves, a vacina preveniu 78%. “Na pratica, a vacina evita
casos graves, instalações e mortes. Estamos reduzindo as complicações. Uma
excelente vacina para o momento”, concluiu.
De acordo com o governo estadual, também na manhã desta
quinta-feira, o Instituto Butantan submeteu à Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) um pedido de aprovação do uso emergencial da CoronaVac no
Brasil. A expectativa do Butantan e de membros do governo estadual é a de que
os dados sejam analisados pela agência em até dez dias.
“Por isso que estivemos hoje junto à Anvisa. Já tivemos
uma primeira reunião. O processo de submissão do uso emergencial prevê como
rito essa reunião inicial. Foi feita hoje, às 10h”, explicou Dimas.
Entretanto, em nota, a Anvisa afirmou que até o momento
não houve pedido pelo Butantan para o uso emergencial para CoronaVac. Segundo a
agência, o pedido de pré submissão ainda não é o pedido de uso emergencial. “A
reunião de pré submissão é uma estratégia que segue a prática de outras
autoridades regulatórias do mundo. Essa reunião é feita antes do envio de
pedido formal de qualquer laboratório, para dar conhecimento prévio do projeto
de vacina e otimizar os direcionamentos técnicos e legais”, disse a Anvisa.
Covas esclareceu os protocolos da agência para iniciar o
processo de aprovação de uso emergencial. “O rito da Anvisa é que todo pedido
de uso emergencial deve começar com uma reunião preparatória para apresentação
de dados, que foi feita na manhã de hoje. (…) As datas dependem da reunião que
será na tarde de hoje”, explicou o diretor.
Representantes do instituto irão se reunir novamente para
apresentar à agência brasileira os resultados percentuais finais da última
etapa de testes clínicos no Brasil, detalhou Covas. Em nota, a Anvisa confirmou
que uma nova reunião entre as partes será realizada em breve.
“O Butantan
sempre atuou em todas as situações de epidemia que o Brasil enfrentou. Vamos em
frente, ainda temos muita tarefa”, terminou o diretor. Fundado em 1901, o
Instituto Butantan é o maior produtor de vacinas da América do Sul e o maior
fornecedor de doses ao Ministério da Saúde.
Segundo Jean
Gorinchteyn, secretário estadual da saúde, mais 35 milhões de doses da
CoronaVac devem chegar até ao estado de São Paulo até a primeira quinzena de
fevereiro. Ainda de acordo com o secretário, essas doses estão disponíveis ao
Ministério da Saúde para que a CoronaVac possa ser usada pelo Plano Nacional de
Imunizações (PNI).
“No Butantan, já
há 10,8 milhões de doses da vacina. Temos a condição de iniciar, a partir de 25
de janeiro, a imunização no estado”, disse o secretário, em referência ao Plano
Estadual de Imunização (PEI), alternativa do governo paulista ao plano federal.
Histórico
da CoronaVac
A divulgação da
eficácia da CoronaVac, porém, foi cercada por dúvidas e adiamentos.
Inicialmente, segundo o próprio governo estadual, a divulgação dos números
preliminares seria no dia 15 de dezembro. Mas foi adiada após o instituto
confirmar que o teste clínico havia atingido um número de infectados suficiente
para a análise final dos resultados, e não a preliminar.
Ficou marcada,
então, uma divulgação de resultados para o dia 23 de dezembro. Porém, na data,
o governo paulista não divulgou resultados completos e informou apenas que a
vacina superou a eficácia mínima de 50% exigida pela Anvisa para aprovação do
uso do imunizante no Brasil.
A gestão do
estado de São Paulo e o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmaram
que não poderiam divulgar os resultados completos e outros dados do estudo
antes do aval da Sinovac por conta dos contratos de confidencialidade assinados
entre o governo de São Paulo e a farmacêutica chinesa.
Dados
variam entre países
Além do Brasil,
a CoronaVac está sendo testada em outros países, como Chile, China, Indonésia e
Turquia. Dados preliminares do ensaio clínico da Coronavac na Turquia
divulgados no final de dezembro mostraram eficácia de 91%. A análise, porém,
foi feita com apenas 10% dos voluntários previstos no país.
Na época, Jean Gorinchteyn, secretário estadual de saúde, adiantou que o produto não chegou a 90% de eficácia no braço brasileiro da pesquisa, mostrando divergência entre resultados de testes clínicos feitos em países diferentes. As diferenças nas bases de dados entre os países que estavam recebendo os testes clínicos resultou em um pedido de revisão geral dos resultados por parte da chinesa Sinovac. Leia mais infomoney / Foto: Governo do Estado de São Paulo