Democracia “capenga”. É assim que presidenta deposta Dilma Rousseff classificou o poder que a princípio emana do povo mas que no Brasil está enfraquecido pela ascensão do neofascismo comprometido com com o poder econômico. Em participação no Mutirão Lula Livre neste sábado (26), Dilma recapitulou a trajetória do país desde a manipulação política, midiática e empresarial que levou ao impeachment sem crime de responsabilidade em 2016. E a sucessão de medidas autoritárias que passaram a ser tomadas já no governo de Michel Temer (MDB-SP).
“Esse
processo de erosão da democracia é negado. Eles dizem que golpe e ditadura
ocorreram em 1964. Mas vejo a democracia sendo atacada como uma árvore por
golpes de machado. E como fungos e parasitas que também afetam essa árvore,
vieram os ataques à soberania nacional e aos direitos do povo na participação
política”, comparou. “O que temos é uma democracia capenga, fatiada, na qual
prevalece o liberalismo”.
Desigualdade
Dilma
lembrou que logo vieram os ataques aos direitos, com mudanças nas leis
trabalhistas e a exclusão da população do orçamento público por meio da
aprovação da Emenda Constitucional 95, a lei do teto de gastos. “O povo é o que
mais sofre, porque a emenda elimina qualquer possibilidade de políticas de
redução da desigualdade. Para eles, não interessa que tenhamos o aumento da
fome.”
A
interdição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi impedido de
disputar a eleição de 2018, quando era favorito, evidencia a desigualdade em
relação ao direito à política, de votar e ser votado. “Em julgamento que
desrespeitou o princípio de que todos são iguais perante a lei, foi destruído o
voto popular e abriu-se caminho para o surgimento do neofascismo.”
Para
ela, esse neofascismo que chegou ao poder com a eleição de Jair Bolsonaro, e o
desmonte de direitos, políticas e do próprio estado estão associados à
destruição ambiental sem precedentes, incompatíveis com a democracia.
“Os
incêndios são provocados criminosos. É uma forma predatória de querer se
apropriar da terra amazônica, da riqueza. E não é somente para abrir pastos e
ampliar o agronegócio. Eles sempre olharam a Amazônia querendo minérios. A
gente vê esse descalabro do aumento do desmatamento. Eles não só aumentaram o
desmatamento como desmontaram a fiscalização. Havia uma fiscalização pesada. A
gente sabia que só com ações de comando e controle era possível barrar a ação
dos que visavam explorar a Amazônia. Preservar a Amazônia não é uma questão
trivial. É soberania nacional”. Leia mais no brasil247 /