Em todo o mundo, as pessoas estão mais propensas a utilizar meios alternativos de mobilidade. A pandemia aumentou o interesse por veículos sustentáveis e com apelo para a qualidade de vida, como bicicletas e motocicletas elétricas. O avanço tecnológico faz surgir novas soluções, algumas com DNA brasileiro, e nordestino.
Esse é o caso da scooter totalmente elétrica Voltz EV-1, lançada em novembro do ano passado, no Recife, pela autotech pernambucana Voltz Motors. Resultado de um investimento de R$ 8 milhões e três anos de pesquisa. Em cenário propício ao crescimento, a empresa executa seus planos de expansão.
Hoje a Voltz chega oficialmente em São Paulo, com a abertura da primeira loja-conceito na Avenida 9 de Julho (nº 3.952). A inauguração será marcada pelo lançamento e pré-venda de um novo produto, a EVS, moto elétrica da categoria Street. O produto foi desenvolvido para consumidores que buscam maior autonomia e velocidade.
“O foco é entrar em uma categoria que corresponde a 50,7% do mercado de motocicletas no Brasil”, explica o CEO da empresa, Renato Villar. “Será a primeira moto inteligente fabricada no país”, afirma. O preço e as configurações do produto serão revelados hoje à noite, em evento online na rede social da marca.
Loja em Salvador
A Voltz tem uma loja-conceito no Recife (PE) e mais oito showrooms em cidades do Nordeste. “Atualmente, temos outros 10 showrooms em negociação para o estado da Bahia, com inauguração prevista até o final do primeiro semestre de 2021”, adianta Villar. “Alguns planos de expansão foram postergados, por conta da pandemia, tiveram datas alteradas, mas não foram cancelados”, garante o CEO.
A Bahia tem importância estratégica para a empresa. A segunda loja-conceito da Voltz na região Nordeste será inaugurada em Salvador. “A marca planeja abrir 10 lojas-conceito nas capitais brasileiras até o fim de 2021”, explica Villar. “A abertura da loja em São Paulo marca uma nova etapa do nosso plano de expansão pelo Brasil. Estamos negociando a abertura de mais 40 showrooms que devem começar a funcionar até o final deste ano”, diz Renato Villar. Os showrooms da Voltz são montados em contêineres.
O formato inclui dois modelos, de 18 e 36 metros quadrados, com aportes iniciais que vão de R$ 120 mil a R$ 170 mil. Nesses espaços, os clientes podem conhecer e testar os produtos da marca. No entanto, a compra é finalizada exclusivamente pela internet, no e-commerce da empresa. A Voltz fica responsável pelo envio e entrega da encomenda na casa do cliente, em qualquer lugar do país.
Em Manaus
“A Voltz tem crescido bastante desde novembro passado, quando começaram a ser entregues as primeiras scooters elétricas. Foram mais de 1,3 mil motos vendidas”, destaca o CEO da empresa. Renato Villar explica que está em processo de expansão da marca pelo Brasil e de mudança do parque fabril para o Polo Industrial de Manaus (PIM).
A startup tem uma unidade fabril em Cabo de Santo Agostinho (PE) e vai migrar para o polo nacional de duas rodas, com o objetivo de aproveitar os incentivos fiscais da Zona Franca. A operação na região Norte deve começar em 2021. A Voltz Motors vai investir R$ 1,5 milhão para a instalação da unidade industrial.
A capacidade anual de produção da fábrica será de até oito mil unidades e, em três anos, a meta é chegar em 22 mil unidades por ano. Aproximadamente 50 empregos serão gerados com a operação em Manaus.
Autonomia
A Voltz EV-1 tem bateria portátil de lítio, que pesa apenas 9 kg e pode ser abastecida em qualquer tomada. O tempo de recarga é em torno de quatro horas e custa menos de R$ 1. O abastecimento da scooter consome apenas 1 kilowatt-hora (kWh), o que custa, em média, R$ 0,56 no Brasil, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). De bateria cheia, a EV1 pode rodar até 60 quilômetros. A velocidade máxima é 60 km/h.
O CEO da Voltz, Renato Villar, destaca a sustentabilidade da moto elétrica desenvolvida no Nordeste. “Além de ter um ótimo custo-benefício, a EV1 não polui o meio ambiente. Para se ter uma ideia, uma moto a combustão chega a emitir, em média, 64 kg de CO2 e 6,6 kg de CO por mês, enquanto a EV1 tem emissão zero”, diz. Quando o assunto é barulho, a scooter nordestina manda bem. “Uma moto a combustão, por exemplo, emite até 95 dB, ao passo que a EV1 tem emissão zero”.
Super Soco CUx
A EcoKar, empresa que representa a startup curitibana Hitech Eletric na Bahia, amplia seu portfólio e, além de carros 100% elétricos, passa a comercializar motos elétricas. O modelo escolhido para prospecção é a scooter elétrica Super Soco CUx. Trata-se de uma moto urbana, com design moderno, curinga para ajudar na correria do dia a dia.
“Nós também representamos a Super Soco na Bahia, uma marca australiana que produz as motos na China, mas com a mesma pegada sustentável. São motos 100% elétricas e de qualidade excepcional”, afirma a CEO da EcoKar, Milene Kalid. Na verdade, a Hitech, parceira da EcoKar, é uma das distribuidoras oficiais da Super Soco no Brasil.
A Super Soco CUx chega a 65 km/h, tem autonomia de até 75 quilômetros, tempo de recarga de oito horas e custo médio de recarga: 1.3/real por carga. A CUx tem ampla gama de iluminação em LED. No quesito segurança, comando de bloqueio remoto com alarme e sistema antirroubo. O preço é R$ 17.500 mais o frete, que, de acordo com a EcoKar, custa R$ 1.300.
Tecnologia
A tecnologia da bateria de lítio dos modelos CUx é a mesma usada no Tesla Model S. Além de removível, pode ser carregada fora da scooter. O sistema elétrico da Super Soco previne superaquecimento da bateria. O sistema permite estabilização dos níveis de energia em caso de sobre carregamento da bateria, evitando danos futuros à bateria. O modelo tem uma entrada para carregamento de celular, que permite ao condutor carregar seu aparelho enquanto guia a moto.
Milene Kalid reconhece que há muito trabalho de prospecção a fazer e que ainda é muito tímida a demanda pelo produto no mercado local. “As motos elétricas, assim como os veículos elétricos, são urbanas, têm características distintas, mas a autonomia ainda é um desafio para os fornecedores de baterias, embora o custo-benefício seja extraordinário”, pontua.
Marcas tradicionais
O futuro chega com a eletrificação, para as motocicletas e automóveis. No entanto, as fabricantes líderes do mercado, Honda e Yamaha, têm investido no desenvolvimento de protótipos e motos-conceito, sem a sinalização clara de quando essas elétricas estariam disponíveis para o consumidor final.
“As motocicletas disponíveis no mercado hoje têm baixo custo, são leves, de fácil manuseio, econômicas, e o avanço da tecnologia permite redução gradativa da emissão de poluentes. Por tudo isso, as tradicionais marcas japonesas não têm investido no desenvolvimento de modelos elétricos, são protótipos até o momento”, resume o diretor do Grupo Yamaha Motofácil, Cláudio Cotrim. Segundo ele, na atualidade, as vantagens da eletrificação não são significativas para o segmento de duas rodas.
Fonte/ A Tarde