Oitenta e quatro por cento dos
brasileiros entrevistados pelo Ibope e pela Associação Brasileira dos
Comercializadores de Energia (Abraceel) consideram a energia elétrica
cara ou muito cara. Para a Abraceel, o valor pago pelos consumidores tem
se tornado mais evidente nas despesas das famílias, já que as pessoas que
consideravam o serviço caro ou muito caro no ano de 2014 – primeiro de
realização da pesquisa – chegavam a 67%. O percentual atingiu a maior marca em
2014 (88%) e no ano passado (87%). A pesquisa ouviu 2 mil pessoas em todas as
regiões do país, entre os dias 24 de março e 1º de abril.
Considerando os dados deste ano, 55%
dos entrevistados afirmaram que o alto preço é causado pelos impostos e
28%, pela falta de concorrência no setor. “Hoje a energia elétrica é um
dos serviços mais taxados, por uma razão muito simples: os governos estaduais têm
muita facilidade em arrecadar imposto por meio da conta de luz, então incidem
diversos impostos – federais, estaduais – e o consumidor percebe que a energia
é cara devido aos muitos tributos”, disse o presidente da Abraceel, Reginaldo
Medeiros.
Ele lembra que os valores dos
impostos estão descritos em cada conta, para que o consumidor possa consultar.
Segundo Medeiros, além desses dois fatores apontados pelos entrevistados, outro
motivo atrelado ao alto preço das contas são os subsídios cruzados, que, conforme
explica, “é o que um consumidor paga pelo outro”. Ele citou dois exemplos em
que os mais pobres pagam pelos mais ricos: subsídios para o agronegócio –
devido aos subsídios para áreas rurais – e para aqueles que instalam painéis
fotovoltaicos.
“Há consumidor rural que tem
desconto de 90% na irrigação durante a madrugada, isso é um subsídio que alguém
paga. Há muitos subsídios cruzados. Agora está se colocando muito painel
fotovoltaico, quem coloca principalmente é quem tem dinheiro para instalar. Quando
ele instala o painel, há uma série de benefícios que a rede elétrica traz para
ele, que é por exemplo regularizar energia”, disse.
Essa regularização diz respeito ao
fornecimento de energia elétrica durante a noite, quando não há energia solar
para garantir a demanda. “Isso é um benefício que a rede elétrica
traz, mas hoje ele não paga nada. Quem paga esse subsídio
é o consumidor, que não instalou um painel fotovoltaico para esse consumidor
mais rico”.
Mercado livre
Em 80% dos casos, os entrevistados gostariam
de escolher sua operadora de energia elétrica, enquanto em 2014, esse
percentual era de 66%. A Abraceel defende o modelo do mercado livre, em que o
consumidor possa escolher sua fornecedora de energia, e considera que essa é
uma forma de tornar o setor mais competitivo.
O estudo apresenta dados sobre
possível mudança do mercado cativo de energia – atual sistema no qual o
consumidor compra energia da distribuidora – para o mercado livre – quando
ele tem a possibilidade de escolher quem será a sua fornecedora de
energia: 63% trocariam de fornecedor de energia caso a medida fosse
implementada no país; em 2014, esse percentual era de 57% e, no ano passado,
chegou a 68%.
Para a maioria das pessoas
entrevistadas (64%), o principal motivo para a decisão de troca da empresa
continua sendo o preço, conforme os dados deste ano. No ano passado, o preço
era também o principal motivo para 68% dos entrevistados.
Energia limpa
Outro resultado que mostra o perfil
do consumidor de energia é que 17% escolheriam sua operadora com base em
uma geração de energia mais limpa. Esse percentual era de 13% em 2017, primeiro
ano em que a pergunta entrou na pesquisa. No ano passado, eram 15% aqueles que
se preocupavam com energia mais limpa na hora de escolher a fornecedora de
energia.
Questionados se gostariam de gerar
sua própria energia em casa, 90% dos entrevistados disseram que sim – o índice
é 13 pontos percentuais maior que em 2014. Segundo a Abraceel, o interesse
em trocar de empresa, caso a medida de mercado livre seja implantada no Brasil,
assim como o interesse em gerar energia elétrica em casa, crescem à medida
que aumentam a renda familiar e escolaridade dos entrevistados.
Apenas 39% dos entrevistados estão
dispostos a pagar um preço maior na conta de luz para incentivar a geração de
energia em outras residências brasileiras. Segundo avalia a associação, como a
população considera o preço da energia elevado, parcela significativa não se
mostra disposta a pagar um preço mais alto na conta de luz para incentivar a
geração de energia elétrica em outras residências. Com informações, Agência Brasil / Foto reprodução/Internet