Correio Braziliense - O Tribunal de Contas da União (TCU) vai emitir
um alerta ao Executivo federal pela falta de diretrizes estratégicas claras de
enfrentamento à covid-19. Um relatório aprovado nesta quarta-feira (24/6) por
unanimidade pelo colegiado indicou uma série de riscos potenciais no combate à
pandemia, como a falta de gerenciamento de risco e a ausência de profissionais
de saúde atuando para controlar a crise sanitária.
O
documento foi apresentado pelo ministro Vital do Rêgo. De acordo com o texto,
uma auditoria feita por técnicos do TCU na atuação do comitê de crise da
covid-19, formulado em março pelo Palácio do Planalto, "não identificou
diretrizes capazes de estabelecer objetivos a serem perseguidos por entes
federativos, setor privado e organismos não-governamentais".
Pelo
relatório aprovado, há a recomendação de que o governo do presidente Jair
Bolsonaro torne membros permanentes do comitê de crise os presidentes do
Conselho Federal de Medicina (CFM), da Associação Médica Brasileira (AMB) e do
Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), com direito a voz e a voto.
Segundo
Vital do Rêgo, as sugestões incluídas no documento são "um desabafo e um
alerta" ao Executivo. "Não existe modelo de risco. Antes de cada
projeto, tem que saber o risco de dar errado. Não vou ficar falando aqui da
cloroquina quando dois meses depois todos estudos apontam o contrário. Tenho
que falar dentro de um modelo de risco capaz de dizer: "preciso fazer
lockdown aqui para achatar a curva acolá". (No Brasil) não existe modelo
nenhum", reclamou o ministro.
Outros
integrantes do TCU reforçaram a fala de Vital do Rêgo. "Reconheço o enorme
esforço que a equipe tem feito, mas enquanto não houver ação harmônica do
presidente da República e governadores de estado, vamos todos os dias abrir os
jornais e ver o número que não para de crescer", pontuou o ministro Bruno
Dantas.
"Essa
crise está nos mostrando todas as feridas abertas que temos no sistema de saúde
no Brasil principalmente na política sanitária. A situação é tão fora do
controle que não conseguimos ver o início do achatamento dessa curva",
enfatizou Aroldo Cedraz.
"O
voto do ministro Vital do Rêgo é muito importante porque ele está vendo as
consequências da falta de política global de governança no país. Essa é maior
preocupação que eu tenho. Não há sincronização entre estados, municípios e
União, especialmente na Saúde", salientou Augusto Nardes. Foto: Breno Esaki/Saúde-DF