Um grupo de ex-ministros da Defesa divulgou uma
nota exortando as Forças Armadas a ignorar os pedidos por uma intervenção
militar em favor do governo do presidente Jair Bolsonaro.
Sem citar o atual ocupante do Palácio do Planalto, os ex-ministros
pedem que os militares sigam a Constituição, que no seu artigo 142 determina
que as Forças Armadas só podem ser convocadas a intervir para manter a ordem em
caso de anarquia por algum dos Poderes constituídos.
Nas últimas
semanas, o presidente prestigiou dois atos de apoiadores de seu governo que
pediam a ação dos militares na política, visando fechar o Supremo Tribunal
Federal e o Congresso Nacional, instituições que na visão de governistas têm
obstruído o Executivo.
Entre a ala
militar do governo, a ideia de que há um cerco contra o Planalto é aceita, mas
nota do ministro Fernando Azevedo (Defesa) após Bolsonaro ter participado de
ato golpista no dia 3 passado buscou reafirmar o compromisso democrático das
Forças.
Tal leitura de cerceamento do governo federal é compartilhada
pelos ministros militares, mas não é corrente na cúpula fardada do país até
aqui. Já os pedidos de intervenção foram respondidos por nota duas notas do
ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, afirmando o compromisso das
Forças com a Constituição.
O manifesto dos
ex-ministros ressalta o papel central que as Forças Armadas têm tido no combate
da pandemia da Covid-19 e relembra o compromisso democrático do estamento
militar com a Constituição.
O texto diz que
os apelos à intervenção militar merecem “veemente condenação”. Na quinta
passada (14), um artigo do vice-presidente, general Hamilton Mourão, criticava
duramente outros Poderes que não o Executivo, além da mídia, na condução da
crise do coronavírus.
Ao citar o
risco à segurança que a crise pode criar, Mourão promoveu rumores de que
estaria buscando intimidar o mundo político e judiciário, o que negou em
conversas posteriores.
Assinam o
manifesto seis ex-ministros da Defesa. Ficaram de fora os já mortos Elcio
Alvares, Waldir Pires e José Alencar, além de Joaquim Luna e Silva, antecessor
de Azevedo e hoje diretor-geral da Itaipu Binacional.
NOTA
As Forças
Armadas são instituições de Estado com importante papel na fundação da
nacionalidade e no desenvolvimento do país. Sua missão indeclinável é a defesa
da pátria e a garantia de nossa soberania. Merecidamente, desfrutam de amplo
apoio e reconhecimento da sociedade brasileira.
Diante das
imensas dificuldades decorrentes da crise imposta pela pandemia do coronavírus,
cujos efeitos se alastram, de forma trágica, pelo Brasil, as Forças Armadas
cumprem importante papel no enfrentamento das adversidades e na manutenção da
unidade e do ânimo da população.
A democracia no
Brasil, mais que uma escolha, conforma-se como um destino incontornável, que
necessita da contribuição de todos para o seu aperfeiçoamento.
A Constituição
estabelece no seu artigo 142 que as Forças Armadas “destinam-se à defesa da
pátria, à garantia dos poderes constituídos e, por iniciativa de qualquer
destes, da lei e da ordem”.
Não pairam dúvidas
acerca do compromisso das Forças Armadas com os princípios democráticos
ordenados pela Carta de 1988. A defesa deles tem sido, e continuará sendo,
fundamento de sua atuação.
Assim, qualquer apelo
e estímulo às instituições armadas para a quebra da legalidade democrática
-oriundos de grupos desorientados- merecem a mais veemente condenação.
Constituem afronta inaceitável ao papel constitucional da Marinha, do Exército
e da Aeronáutica, sob a coordenação do Ministério da Defesa.
É o que pensamos na
condição de ex-ministros de Estado da Defesa que abaixo subscrevemos.
·
Aldo Rebelo
·
Celso Amorim
·
Jaques Wagner
·
José Viegas Filho
·
Nelson Jobim
·
Raul Jungmann
O que diz a constituição sobre as Forças Armadas
“Art. 142. As Forças
Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são
instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na
hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da
República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constituci
onais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.” Além disso, lei
complementar de 1999 prevê, de modo compatível com o papel estabelecido na
Constituição, a participação de militares em operações de paz, reforço à
polícia de fronteira, cooperação com a Defesa Civil, entre outras ações.
Notas recentes do Ministério da Defesa
20 de abril
“As Forças Armadas trabalham com o propósito de manter a paz e a estabilidade do país, sempre obedientes à Constituição Federal. O momento que se apresenta exige entendimento e esforço de todos os brasileiros. Nenhum país estava preparado para uma pandemia como a que estamos vivendo. Essa realidade requer adaptação das capacidades das Forças Armadas para combater um inimigo comum a todos: o coronavírus e suas consequências sociais. É isso o que estamos fazendo.”
“As Forças Armadas trabalham com o propósito de manter a paz e a estabilidade do país, sempre obedientes à Constituição Federal. O momento que se apresenta exige entendimento e esforço de todos os brasileiros. Nenhum país estava preparado para uma pandemia como a que estamos vivendo. Essa realidade requer adaptação das capacidades das Forças Armadas para combater um inimigo comum a todos: o coronavírus e suas consequências sociais. É isso o que estamos fazendo.”
4 de maio
“As Forças Armadas cumprem a sua missão constitucional. Marinha, Exército e Força Aérea são organismos de Estado, que consideram a independência e a harmonia entre os Poderes imprescindíveis para a governabilidade do país. A liberdade de expressão é requisito fundamental de um país democrático. No entanto, qualquer agressão a profissionais de imprensa é inaceitável. O Brasil precisa avançar. Enfrentamos uma pandemia de consequências sanitárias e sociais ainda imprevisíveis, que requer esforço e entendimento de todos. As Forças Armadas estarão sempre ao lado da lei, da ordem, da democracia e da liberdade. Este é o nosso compromisso.” As informações são da Folhapress / Foto: Marcos Corrêa/PR
“As Forças Armadas cumprem a sua missão constitucional. Marinha, Exército e Força Aérea são organismos de Estado, que consideram a independência e a harmonia entre os Poderes imprescindíveis para a governabilidade do país. A liberdade de expressão é requisito fundamental de um país democrático. No entanto, qualquer agressão a profissionais de imprensa é inaceitável. O Brasil precisa avançar. Enfrentamos uma pandemia de consequências sanitárias e sociais ainda imprevisíveis, que requer esforço e entendimento de todos. As Forças Armadas estarão sempre ao lado da lei, da ordem, da democracia e da liberdade. Este é o nosso compromisso.” As informações são da Folhapress / Foto: Marcos Corrêa/PR