A ministra Damares Alves defendeu em reunião ministerial do dia 22
de abril a prisão de prefeitos e governadores após a pandemia do novo
coronavírus . “A maior violação de direitos humanos da história do Brasil nos
últimos trinta anos está acontecendo neste momento, mas nós estamos tomando
providências”.
Após citar
exemplos de violência que tem sido praticada contra idosos e mulheres durante a
pandemia, Damares afirmou que o Brasil vive hoje a maior violação de direitos
humanos da história País nos últimos trinta anos. “Nosso ministério vai começar
a pegar pesado com governadores e prefeitos. Nunca vimos o que está acontecendo
hoje.”
Damares
disparou críticas ao STF e falou que é ‘palhaçada’ a Corte trazer o aborto de
novo para a pauta. “As mulheres que são vítima do zika vírus vão abortar e
agora vem do coronavírus? Será que vão querer liberar que todos que tiveram
coronavírus poderão abortar no Brasil? Vão liberar geral?”, afirmou a ministra.
Ao citar a
questão do aborto, ela falou ao então ministro Nelson Teich sua pasta estava
lotada de “feminista que tem uma pauta única que é a liberação de aborto”.
“Quero te lembrar, ministro, que tá chegando agora, este governo é um governo
pró-vida, um governo pró-família. Então, por favor. E aí quando a gente fala de
valores,ministro, eu quero dizer que nós estávamos sim no caminho certo.”
A informação
sobre a prisão dos governadores e prefeitos já era conhecida desde que o vídeo
foi exibido para a defesa de Moro, a procuradoria da República e a Advocacia
Geral da União na terça-feira, dia 12. A gravação da reunião ministerial do dia
22 é peça-chave no inquérito sobre suposta interferência do presidente Jair
Bolsonaro na Polícia Federal. O material foi apresentado pelo governo à PF
(Polícia Federal), que investiga as declarações feitas pelo ex-ministro da
Justiça Sérgio Moro.
Ao pedir demissão, Moro afirmou que Bolsonaro queria substituir o
superintendente da PF no Rio e o delegado-geral Maurício Valeixo ao mesmo tempo
em que reclamava das investigações sobre fake news sob a responsabilidade do
ministro Alexandre Moraes, do STF. Bolsonaro temia que ela tivesse apanhado
políticos bolsonaristas, conforme mensagem entregue por Moro aos
investigadores. O ex-ministro também afirmou que o presidente se queixava
porque desejava ter acesso a relatórios da PF.
Ao ser
questionada sobre as manifestações da ministra durante a reunião, sua
assessoria informara que ela defendia prisão para os administradores públicos
que tivessem violado os direitos humanos de pessoas que tivessem furado as
regras de isolamento social em razão da pandemia de covid-19. No começo de
abril, um vídeo com guardas civis de Araraquara prendendo uma apoiadora do
presidente Bolsonaro que se recusava a deixar uma praça e obedecer a ordem para
ficar em casa foi amplamente divulgado em redes bolsonaristas.
Bolsonaro
chegou a cobrar o então ministro da Justiça, Sérgio Moro, para que ele se
manifestasse contra as detenções e prisões dos recalcitrantes. Um outro vídeo
com cenas de prisão de um idoso por PMs de São paulo também foi distribuído
como se fosse atual, mas se tratava de cenas de 2019, antes da pandemia. Por
fim, a assessoria da ministra afirmou que ela defendia a prisão de prefeitos e
governadores que desviassem verbas e cestas básicas que deviam ser usadas para
combater o coronavírus. Com informações, Estadão Conteúdo / Jornal de Brasilia / Foto: Anderson Riedel/PR