Sete ex-ministros da
Saúde divulgaram uma carta na qual repudiam o pronunciamento feito pelo
presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na terça-feira (24) e o acusa de
minimizar e tratar de forma insensata uma pandemia com as proporções do novo
coronavírus. A informação é da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.
Paulo.
Segundo
atualização da OMS (Organização Mundial da Saúde) nesta quarta (25), já são
mais de 415 mil casos ao redor do mundo e mais de 18 mil mortos.
Assinado
por Humberto Costa (2003-2005), José Saraiva Felipe (2005-2006), José Agenor
Álvares da Silva (2006-2007), José Gomes Temporão (2007-2010), Alexandre
Padilha (2011-2014), Arthur Chioro (2014-2015) e Marcelo Castro (2015-2016),
ministros de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (PT), o documento
afirma que Bolsonaro, preocupado em atender interesses estritamente econômicos,
propõe uma dicotomia entre o enfrentamento da crise na saúde e na economia.
“Os
países que têm conseguido os melhores resultados são aqueles que fizeram o
isolamento social, garantiram o atendimento à saúde da população e tomaram
medidas para manter a renda e ativar a economia. Não há, portanto, dicotomia
entre manter a atividade econômica e salvar vidas”, diz a carta dos
ex-ministros.
O
presidente tem criticado medidas tomadas por governadores para a restrição de
movimentação de pessoas e defendido o isolamento apenas para aqueles do chamado
grupo de risco, como idosos e portadores de comorbidades, o que chamou de
“isolamento vertical”.
Segundo
o ex-ministros, que irão recorrer à OMS e à Comissão de Direitos Humanos da
ONU, a postura de Bolsonaro desmobiliza a população que vem seguindo as
orientações de autoridades de saúde, incluindo o Ministério da Saúde, e
governantes, de modo a ferir o pacto federativo e a autonomia de seus entes.
“Seu
pronunciamento pode resultar em uma sobrecarga do sistema de saúde brasileiro
de trágicas consequências, particularmente entre os grupos mais vulneráveis da
sociedade. É necessário que os líderes republicanos se juntem em torno da
defesa da vida”, afirmam.
Ministros
de outros governos não foram procurados para assinar o documento após não haver
disposição em iniciativa anterior, por ocasião da Conferência Nacional de
Saúde. Foto: Marcos Corrêa/PR