Reportagem publicada neste sábado (15) pelo jornal Folha de S. Paulo revela que o miliciano Adriano da Nóbrega, 43, não estava exatamente escondido
na Bahia. Segundo a publicação, nos últimos cinco meses, o ex-militar do Bope
do Rio de Janeiro circulou por festas de vaquejada e praias da Bahia e de
Sergipe, mesmo foragido da Justiça. A quem perguntasse quem ele era,
apresentava-se: “Capitão Adriano”.
O miliciano ligado ao senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) foi
morto no último domingo (9) em uma operação das polícias fluminense e baiana,
em Esplanada (170 km de Salvador). Nos meses anteriores, de acordo com a Folha,
participou de competições de vaquejada nos municípios de Lagarto e Itabaiana,
em Sergipe, Serrinha e Inhambupe, na Bahia, mesmo diante de câmeras e de
grandes públicos.
Registros da Associação Brasileira de Quarto de Milha consultados pelo
jornal paulista apontam que, usando seu próprio nome, Adriano disputou provas
na categoria amador em 17 de janeiro de 2019, quando ficou em quarto lugar com
seu parceiro Leandro Guimarães, o mesmo fazendeiro que lhe daria abrigo em
Esplanada.
Menos de duas semanas depois, Adriano se tornou foragido, com a
deflagração de operação do Ministério Público do Rio de Janeiro. Investigações
apontam que Adriano atuava em diferentes atividades ilegais: milícia, jogo do
bicho, máquinas caça-níqueis e homicídios profissionais.
De acordo com a reportagem, as viagens à Bahia eram feitas de carro. A
cada visita, acompanhava-o um caminhão com quatro cavalos, cada um valendo R$
40 mil, que ele mantinha em um haras no Rio de Janeiro. Seu objetivo, segundo o
relato de testemunhas, era montar um novo haras no litoral norte da Bahia,
incluindo uma pista onde pudesse treinar para vaquejadas.
A polícia investiga se o haras era uma iniciativa pessoal de Adriano ou
um empreendimento de seu grupo criminoso para lavagem de dinheiro ou até mesmo
a formação de uma nova célula miliciana no Nordeste.
O ex-policial foi citado na investigação do Ministério Público do Rio de
Janeiro que apura se houve “rachadinha” no gabinete de Flávio quando ele era
deputado estadual. Segundo o MP-RJ, contas de Adriano foram usadas para
transferir dinheiro a Fabrício Queiroz, então assessor de Flávio e suspeito de
comandar o esquema de devolução de salários.
O ex-PM também é apontado como o chefe do Escritório do Crime, grupo
paramilitar que comanda a comunidade do Rio das Pedras, na zona oeste da
capital fluminense. A milícia é investigada por ligação com os assassinatos de
Marielle Franco e Anderson Gomes.