Por Fernanda Valente, do Conjur - O
juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara de Justiça Federal de Brasília, rejeitou
denúncia contra o jornalista Glenn Greenwald e tornou réus outras seis pessoas
por crimes envolvendo invasão de celulares de autoridades.
Na
decisão, o magistrado considera que houve liminar do
ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, proibindo as
autoridades públicas de praticarem "atos que visem à responsabilização do
jornalista Glenn Greenwald pela recepção, obtenção ou transmissão de
informações publicadas em veículos de mídia, ante a proteção do sigilo
constitucional da fonte jornalística".
Denúncia infrutífera
A denúncia foi apresentada pelo procurador da República Wellington Divino de
Oliveira. Para o procurador, ficou comprovado que o jornalista auxiliou,
incentivou e orientou o grupo durante o período das invasões.
Parte
das mensagens capturadas pelo grupo foi publicada por Greenwald na série de
reportagens chamada "vaza jato", que mostra que os procuradores da
República e os agentes e delegados da Polícia Federal que trabalharam na
operação "lava jato" foram coordenados pelo ex-juiz Sergio Moro, hoje
ministro da Justiça.
A
justificativa para ignorar a liminar do Supremo foi de que o MPF descobriu uma
conversa entre Glenn e um dos hackers. A conversa utilizada como prova da participação
do jornalista estava no computador de Walter Delgatti — segundo a denúncia, um
dos mentores e líderes do grupo junto com Thiago Eliezer Martins Santos —,
apreendido com autorização judicial.
Segundo
a denúncia, a conversa aconteceu após a imprensa divulgar a invasão no celular
de Moro. No diálogo, transcrito na denúncia, Luiz Molição — considerado
porta-voz do grupo com jornalista — teria pedido orientação ao jornalista sobre
o que fazer.