O
senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello avalia “não ver a menor
possibilidade” do governo Jair Bolsonaro caso insista no rumo atual.
“Continuando assim, eu não vejo a menor possibilidade de este governo dar
certo. O que acontecerá, eu não saberia dizer. Mas, se continuar do jeito que
está, o governo não tem como levar adiante o período governamental”, afirmou
Collor em entrevista ao jornal Correio
Braziliense.
“É
um filme que eu já vi, embora haja diferenças entre o início do governo
Bolsonaro e o início do meu governo, parece que está passando novamente na
minha frente. Certos episódios e eventos me deixam muito preocupado, talvez não
cheguemos a um bom termo sobre o mandato mal exercido pelo presidente da
República — a começar por essa falta de interesse em construir uma base sólida
de sustentação no Parlamento”, disse.
Para
Collor, Bolsonaro faz “um governo completamente diferente dos outros.
Primordialmente, é um governo que se nega a entender os partidos políticos como
os canais institucionalmente válidos para a interlocução entre os interesses da
população e não usa a capacidade do Executivo para atendê-las”.
Segundo
ele, a declaração do
deputado Eduardo Bolsonaro – que na semana passada defendeu a reedição do AI-5
– representa um risco à democracia. “Estamos vivendo num regime democrático,
uma democracia com sobressaltos, mas uma democracia moderna. Declarações desse
tipo, ameaças desse tipo, elucubrações desse tipo, não cabem realmente no
momento atual em que vivemos, nem em momento nenhum”, disse.
Sobre
a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Collor foi enfático ao
afirmar que ele é avo de uma “injustiça”. “Acho que o Lula sofreu uma
injustiça. Sou suspeito para falar, mas acho que foi uma injustiça e essa
condenação dele merece ser reconsiderada. Acho que ele está preso
imerecidamente”, disse. brasil247 / Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado