Primeiro presidente civil pós ditadura militar (1964-1985), José Sarney enviou nota ao blog lamentando que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sugira tentar violar a Constituição, ao defender a reedição do AI-5 “caso a esquerda radicalize”.

“Lamento que um parlamentar, que começa seu mandato jurando a Constituição, sugira, em algum momento, tentar violá-la”, afirmou Sarney ao comentar a declaração de Eduardo Bolsonaro em entrevista divulgada nesta quinta-feira (31).

Mais tarde, nesta quinta, o deputado disse que "talvez tenha sido infeliz" ao dizer que havia a possibilidade de um "novo AI-5" no Brasil. Declarou ainda que "não existe qualquer possibilidade" de isso acontecer.

O Ato Institucional número 5 foi editado em 13 de dezembro de 1968. Foi o mais duro ato do governo militar, suspendendo o habeas corpus, e todos os direitos e garantias individuais, além de dar poderes para o fechamento do Congresso Nacional.

Com o ato em vigor, a ditadura estabeleceu a censura prévia à imprensa, além de torturar e matar opositores através de aparatos repressores do Estado.

“Fui o Relator no Congresso Nacional da Emenda Constitucional que extinguiu o AI-5, enviada pelo Presidente Geisel. Presidi a Transição Democrática, que convocou a Constituinte e fez a Constituição de 1988. Sua primeira cláusula pétrea é o regime democrático”, lembrou Sarney.

O ex-presidente foi contra a edição do AI-5, apesar de ser integrante do partido do governo militar.

“Sei que expresso o sentimento do povo brasileiro, inclusive das nossas Forças Armadas, que asseguraram a Transição Democrática, que sempre proclamei que seria feita com elas, e não contra elas”, disse.

Sarney defendeu também na nota a união do país “em qualquer desestabilização das instituições”. O ex-presidente José Sarney durante solenidade de aniversário de 30 anos da Constituição na Câmara dos Deputados — Foto: Pedro França/Agência Senado

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