BRASÍLIA — O presidente Jair
Bolsonaro disse, na tarde desta quinta-feira, que determinou o
cancelamento de todas as assinaturas do jornal
“Folha de S.Paulo” no governo federal. A declaração foi feita durante
entrevista à TV Bandeirantes. Para o presidente, o jornal não é “confiável”.
— Determinei que todo o
governo federal rescinda e cancele a assinatura da “Folha de S.Paulo”. A ordem
que eu dei (é que) nenhum órgão do meu governo vai receber o jornal “Folha de
S.Paulo” aqui em Brasília. Está determinado. É o que eu posso fazer, nada além
disso — afirmou Bolsonaro. — Espero que não me acusem de censura. Está certo?
Quem quiser comprar a “Folha de S.Paulo”, ninguém vai ser punido, o assessor
dele vai lá na banca e compra lá e se divirta. Eu não quero mais saber da
“Folha de S.Paulo”, que envenena o meu governo a leitura da “Folha de S.Paulo”.
O presidente também acusou o jornal de distorcer as suas
declarações em uma entrevista feita durante um café da manhã há mais de um mês
no Palácio do Alvorada. Em nota, a “Folha de S.Paulo” rebateu e disse que
“lamenta mais uma atitude abertamente discriminatória do presidente da
República contra o jornal, e vai seguir fazendo, em relação a seu governo, o
jornalismo crítico e apartidário que a caracteriza e que praticou em relação a
todos os governos. A entrevista mencionada pelo presidente reflete de maneira
correta o conteúdo de suas declarações. Ela foi produzida a partir de uma
conversa inicialmente feita off
the records (não destinada à publicação, no jargão
jornalístico). Ao final da conversa, Bolsonaro autorizou que a Folha publicasse
suas declarações, evitando reproduzir os palavrões pronunciados por ele. O
jornal respeitou o pedido, ao contrário do que o presidente afirma agora”.
ANJ critica medida
A
Associação Nacional de Jornais (ANJ) também repudiou as declarações do
presidente da República contra a “Folha de S.Paulo” e apontou que a falta de
pluralidade só traz prejuízos para a administração pública. “A ANJ lamenta que,
assim como agiu o presidente Donald Trump há poucos dias, o presidente Jair
Bolsonaro escolha caminho idêntico, o que significará menos pluralidade e
informação profissional para o serviço federal. Mesmo que as assinaturas para
governos representem uma receita ínfima para jornais, a livre circulação de
notícias e ideias ajuda a construir políticas públicas, a corrigir rumos e
aperfeiçoar caminhos na administração pública”, afirma a entidade em nota. Informações o oglobo / Foto: Isac Nóbrega/PR