Até o final do ano serão implantadas 200 salas para o
tratamentos do pé diabético em toda a Bahia, a maior parte distribuída em
municípios com menos de 100 mil habitantes. Uma das primeiras será no município
de São Sebastião do Passé, tendo o secretário da Saúde do Estado, Fábio
Vilas-Boas, autorizado nesta semana, a cessão de equipamentos para a
localidade, a exemplo de doppler pulsado e contínuo, maca e carro de curativo.
A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), por meio da
Escola de Saúde Pública (ESPBA) e do Centro de Diabetes e Endocrinologia da
Bahia (Cedeba), já realizou um programa de treinamento com profissionais da
assistência de 64 cidades, visando qualificar este cuidado, prevenindo lesões e
internações associadas ao pé diabético.
De acordo com o secretário da Saúde do Estado, Fábio Vilas-Boas,
as amputações decorrentes de complicações do pé diabético constituem um grave
problema de saúde pública no Brasil e no mundo, levando em conta as elevadas
taxas de internação hospitalar. “Além do impacto social na vida do usuário e da
alta mortalidade associada, as amputações estão relacionadas a altos custos
diretos e indiretos para o sistema de saúde. Dados do Sistema de Pactuação dos
Indicadores (Sispacto) apontam que 25% das internações de pacientes na capital,
por exemplo, poderiam ser prevenidas por serem condições sensíveis à Atenção
Básica. Sem o adequado acompanhamento, o paciente diabético não realiza exames,
não toma os medicamentos e acaba por ir a uma emergência de um hospital com o
pé infectado que levará, possivelmente, à amputação de um dos membros”, afirma
Vilas-Boas.
Ainda de acordo com o titular da pasta da Saúde, estima-se que,
na Bahia, de 40 a 60% de todas as amputações não-traumáticas de membros
inferiores são realizadas entre pacientes portadores de Diabetes Mellitus.
Destas amputações, 85% são precedidas de feridas com úlceras. “O objetivo é
reduzir o número de amputações decorrentes da falta de controle do diabetes,
que entre 2010 e 2018, ocasionou mais de 6 mil amputações”, ressalta o
secretário, ao pontuar também que as policlínicas regionais de saúde tem um
papel fundamental para auxiliar o controle do diabetes. “O governador Rui Costa
já entregou 14 policlínicas em diferentes regiões, dotadas de equipes
especializadas e equipamentos específicos, e a meta é alcançar 24 unidades”,
diz.
Dados da doença
Em todo o mundo, 425 milhões de pessoas vivem com diabetes e 4,5
milhões morrem anualmente por causa da doença, segundo dados da International
Diabetes Federation (IDF), responsável pelo Novembro Diabetes Azul, mobilização
mundial que alerta para o crescimento da doença – considerada pandemia – e a
necessidade de prevenção e diagnóstico precoce. Tendo como tema este ano
“Família DMe Diabetes”, a campanha destaca a importância da família no manejo
da doença.
No Brasil, onde os diabéticos são mais de 13 milhões – ocupa o
quarto lugar entre os 10 países com maior população de diabéticos. No país, as
complicações do diabetes custaram ao Ministério da Saúde, em 2016, R$ 92
milhões. Isso reflete o diagnóstico tardio, uma vez que mais de 40% das pessoas
só são identificadas (no caso de diabetes mellitus tipo 2 -DM2) quando já
apresentam complicações.
Prevenir as complicações do diabetes, onde se insere a
retinopatia diabética, é muito importante. No mundo inteiro, a perda de visão
por causa do diabetes tem aumentado assustadoramente. Entre 1990 e 2010, a
quantidade de pessoas com perda de visão parcial ou total devido à doença subiu
de 27% para 64%. Em 2010, uma em cada 52 pessoas teve perda de visão e uma em
cada 39 pessoas ficou cega por causa da retinopatia diabética – desdobramento
da doença que danifica a retina. Ascom/Sesab / Foto reprodução