O presidente Jair Bolsonaro afirmou nessa quinta-feira, 21, que
o número escolhido para o Aliança Pelo Brasil, seu novo partido, foi o 38. “Eu
acho um bom número, tínhamos poucas opções, mas acho que o 38 é um número mais
fácil de gravar”, afirmou o presidente em sua “live” semanal no Facebook.
O número, no entanto, já foi “escolhido” por outra sigla em
formação: o Partido Militar Brasileiro, que está em fase final de criação junto
ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Não vamos abrir mão do número, quem
conseguir homologar primeiro fica com o 38”, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo o deputado Capitão
Augusto (PL-SP), articulador da nova legenda. Augusto é o coordenador da
bancada da bala na Câmara dos Deputados.
O parlamentar explica que a
escolha do número – uma referência ao calibre de um dos revólveres mais
utilizados no Brasil, popularmente chamado de “três oitão” – foi feita por meio
de uma enquete entre apoiadores. “Ganharam o 38 e o 64”, contou Augusto,
dizendo que a outra opção de número foi uma homenagem a 1964, ano de
instauração da Ditadura Militar (1964-1985) no Brasil, que o deputado chama de
“revolução que salvou o País do comunismo”. “Se o partido do presidente pegar o
38 primeiro, ficamos com o 64”, afirmou.
O Partido Militar Brasileiro
chegou a ser procurado, conforme mostrou o Estado, por
emissários de Bolsonaro como possível destino do presidente e seus aliados em
meio ao racha no PSL, pelo qual o presidente se elegeu em 2018.
O pedido de criação foi
protocolado em fevereiro de 2018. Segundo o tribunal, o PMB ainda se encontra
na fase de coleta de assinaturas de apoio. Pela legislação eleitoral, um
partido precisa atingir 491.967 assinaturas em, pelo menos, nove Estados
diferentes.
Quanto ao número da legenda, o
TSE explica que “é escolhido no momento em que, uma vez superada a fase de
coleta de assinaturas, é protocolado no TSE o respectivo Requerimento de
Registro de Partido Político”. “Esse número deve ser escolhido dentre os
números de 1 a 99 que ainda não estejam sendo usados por outros partidos já
registrados”, diz o tribunal.
Deus, armas e oposição ao
comunismo
O ato de fundação da Aliança
pelo Brasil, exigência legal para que a legenda seja registrada pela Justiça
Eleitoral, foi marcado nessa quinta-feira por discursos em defesa de Deus e do
uso de armas, além de ataques a movimentos de esquerda e a antigos aliados,
como o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC).
Para ser registrado oficialmente e poder disputar eleições, ainda será
necessária a coleta de 500 mil assinaturas, em pelo menos nove Estados. O prazo
para que o partido seja registrado a tempo de concorrer nas eleições municipais
do ano que vem é apertado e termina em março. A expectativa é de que o
presidente da República possa ser o principal fator de mobilização para
conseguir os apoios necessários. istoé / Foto: Marcos Corrêa/PR