A corte vai pedir à PGR para validar
juridicamente as mensagens de Telegram envolvendo o ex-juz Sergio Moro, o
procurador Deltan Dallagnol e demais integrantes da operação.
Reportagem dos
jornalistas Thais Arbex e Reynaldo Turollo Jr. na Folha de S.Paulo desta
sexta-feira (4) informa que por meio do ministro Gilmar Mendes, o STF vai
acionar a PGR (Procuradoria-Geral da República) para verificar a autenticidade
dos arquivos. O ministro Gilmar conta com o apoio de outros ministros do STF.
A
iniciativa pode ter um efeito devastador sobre a Operação Lava Jato, já
desacreditada pelas evidências de que o juiz Sergio Moro, Deltan Dallagnol e
outros integrantes da operação cometeram ilegalidades.
Se
a apuração atestar oficialmente a veracidade das mensagens, estas poderão ser
usadas em processos com eventuais impactos sobre decisões judiciais e agentes
públicos que atuaram na Lava Jato, assinala a reportagem.
As
conversas de Telegram, obtidas pelo The Intercept Brasil e amplamente
divulgadas mostraram que o juiz Sergio Moro quebrou o princípio da isenção,
interferindo nas investigações e ajudando a acusação.
Moro
não se conduziu com imparcialidade, conduta que o coloca sob suspeita não só da
opinião pública como também do Poder Judiciário.
As
mensagens obtidas pelo Intercept mostraram um verdadeiro condomínio de
interesses espúrios entre Moro e o chefe da força-tarefa da Lava Jato em
Curitiba, Deltan Dallagnol.
A
PGR poderá receber o material do STF, que requisitou as mensagens à Polícia
Federal, ou da polícia, responsável pela investigação sobre o caso.
Durante
a sessão do STF na última quarta-feira (2) o ministro Gilmar fez uma crítica
demolidora dos métodos da Lava Jato com base nas mensagens já divulgadas
pelo Intercept. O magistrado leu trechos das conversas dos procuradores e
apontou indícios de ilegalidades.
A
Procuradoria Geral da República, agora sob a direção de Augusto Aras, deixou
clara a sua preocupação com as colocações de Gilmar Mendes.
Na
quarta-feira, o subprocurador-geral Alcides Martins, designado pelo novo
procurador-geral, Augusto Aras, para representar a PGR na sessão do STF,
afirmou: “Queria deixar aqui patente a minha preocupação com todas as
colocações feitas pelo eminente ministro Gilmar Mendes. Não me cabe fazer
nenhum juízo de valor, seja em relação às pessoas, seja em relação às
instituições, [aos] atos, à gravidade deles que foi referida”.
E
completou com um recado que é um sinal de que as ilegalidades de Dallagnol e
demais membros da força-tarefa da Lava Jato podem não ficar impunes: “Se me
permite, ministro Gilmar, se pudesse encaminhar esses elementos à
Procuradoria-Geral para que fossem avaliados por quem é de direito, porque o
que referiu é de extrema gravidade.”“Queria deixar aqui patente a minha
preocupação com todas as colocações feitas pelo eminente ministro Gilmar
Mendes. Não me cabe fazer nenhum juízo de valor, seja em relação às pessoas,
seja em relação às instituições, [aos] atos, à gravidade deles que foi referida”,
disse Martins. brasil24/Foto STF