Veículos militares transportam o míssil JL-2, que pode ser lançado de submarinos — Foto: Thomas Peter / Reuters |
O
presidente Xi Jinping afirmou nesta terça-feira (1º) que "nada" pode
abalar a nação chinesa, durante o discurso de abertura das celebrações do 70º
aniversário da China comunista, em Pequim.
"Nada pode
fazer com que os pilares da nossa grande nação sejam abalados. Nada pode
impedir que a nação e o povo chineses avancem", disse Xi Jinping na porta
de Tiananmen, o mesmo local onde Mao Tsé-Tung proclamou a fundação da República
Popular da China, em 1º de outubro de 1949.
Mao e seu Partido Comunistas eram vitoriosos de uma guerra
civil contra o Partido Nacionalista. É essa vitória que é comemorada nesta
terça-feira (1º).
Tropas chinesas marcham em Pequim — Foto: Thomas Peter / Reuters |
Ao
menos 15 mil soldados, centenas de tanques, mísseis e aviões de combate foram
mobilizados para desfilar na Praça Tiananmen para celebrar o caminho percorrido
pela China desde que era um país devastado pela guerra e a pobreza até se
converter na segunda maior economia do planeta.
O evento, sob fortes
medidas de segurança, foi aberto com uma salva de 70 tiros de canhão e o
içamento da bandeira nacional.
O Exército Popular de Libertação exibiu suas novas armas,
entre elas o DF-41, um míssil balístico intercontinental capaz de atingir
qualquer ponto dos Estados Unidos; o DF-17, um lançador de "planadores
hipersônicos", e um drone de reconhecimento de alta velocidade e altitude.
Helicópteros
sobrevoaram a cidade formando o número 70.
Após o desfile
militar, houve outra marcha, com 100 mil pessoas e 70 carros, recordando as
conquistas das últimas décadas. Também foram lançadas 70 mil pombas e 70 mil
balões, referentes aos 70 anos do regime.
Festa no escuro
A celebração seguiu pela noite em Pequim.
Houve efeitos especiais para a comemoração no escuro: dançarinos e
apresentadores se vestiram com roupas fluorescentes e alguns deles se exibiram
com telas que mudavam de cor e formavam um mosaico com a imagem uma bandeira
gigante.
Hong Kong
Ao mesmo tempo, em Hong Kong, o movimento pró-democracia realiza novas
manifestações, com o crescente risco de violência. Esta região do sul da China
está passando por sua mais grave crise política desde sua devolução a Pequim em
1997.
Nos
últimos quatro meses, Hong Kong é palco de manifestações quase diárias para
exigir reformas democráticas e denunciar a crescente interferência de Pequim.
Nesta terça-feira,
houve confrontos entre a polícia e ativistas, e um manifestante foi baleado no peito no
distrito de Tseun Wan.
Um país, dois sistemas
Na
segunda-feira (30) em uma recepção em Pequim, Xi disse que seu país
"continuará a aplicar plena e fielmente o princípio de 'um país, dois
sistemas'", bem como "um alto grau de autonomia" em Hong Kong.
Tanques desfilam em |Pequim — Foto: Greg Baker / AFP Photo |
Sob o princípio
"um país, dois sistemas" - em vigor até 2047 -, Hong Kong
teoricamente goza de certas liberdades indisponíveis para os cidadãos do
restante da China, como liberdade de expressão, acesso irrestrito à Internet e
independência judicial.
Nos últimos dias,
imagens animadas com a figura do número 70, slogans e textos patrióticos que
elogiam o Partido Comunista e que fazem muito sucesso nas redes sociais foram
projetados nos arranha-céus de Pequim.
Nas últimas semanas,
a mídia chinesa foi instruída a não divulgar notícias negativas, como acidentes
ou desastres naturais, e dar prioridade à "energia positiva", como o
Partido Comunista costuma repetir.
Os protestos desta
terça pró-democracia em Hong Kong serão "muito, muito perigosas",
alertou a polícia do território na véspera. "Os insurgentes estão
aumentando seus atos de violência. A profundidade e amplitude dessa violência e
seus planos mostram que estão cada vez mais se voltando para o
terrorismo", disse o superintendente da polícia John Tsé. G1