O mundo está enfrentando uma ameaça crescente
de doenças pandêmicas que poderiam matar milhões e devastar a economia global,
alertou um painel internacional de especialistas, e os governos deveriam
trabalhar para se preparar e mitigar o risco.
O Conselho de Monitoramento para a Preparação Global (GPMB),
montado em conjunto pelo Banco Mundial e pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), alertou que doenças propensas a epidemias como o ebola, a gripe e a sars
são cada vez mais difíceis de gerenciar em um mundo dominado por longos
conflitos, Estados frágeis e imigração forçada.
"A ameaça de uma pandemia se espalhar pelo mundo é real", disse o
grupo em um relatório. "Um patógeno rápido teria potencial para matar
dezenas de milhões de pessoas, desorganizando economias e desestabilizando a
segurança nacional."
Embora alguns
governos e agências internacionais tenham feito esforços para estar vigilantes
e se prepararem para grandes surtos de doenças desde o devastador surto de
ebola na África Ocidental entre 2014 e 2015, esses esforços são
"grosseiramente insuficientes", afirma o relatório.
Gro Harlem
Brundtland, um ex-diretor da OMS que co-presidiu o conselho, acrescentou que as
atuais abordagens a emergências de doenças e saúde são "caracterizadas por
um ciclo de pânico e negligência".
O relatório
citou a pandemia de 1918 de "gripe espanhola", que matou estimadas 50
milhões de pessoas. Com vastos números de pessoas cruzando o mundo em aviões
todos os dias, um surto equivalente de doença transmitida pelas vias aéreas
poderia se espalhar de maneira global em menos de 36 horas, matando entre 50 e
80 milhões de pessoas, varrendo aproximadamente 5% da economia global, afirma o
documento.
No caso de
uma pandemia, muitos sistemas nacionais de saúde, --especialmente em países
pobres-- entrariam em colapso.
"A
pobreza e a fragilidade exacerbam surtos de doenças infecciosas e ajudam a
criar as condições para que as pandemias aconteçam", disse Axel van
Trotsenburg, diretor-executivo interino do Banco Mundial e um membro do
painel.
Convocando
governos a "prestar atenção nas lições que esses surtos estão nos
ensinando" e "consertar o telhado antes da chuva chegar", o
diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que deveria haver
mais investimentos para fortalecer sistemas de saúde, pesquisa e novas
tecnologias, melhoramento da coordenação, e instauração de sistemas de comunicação
mais rápidos para monitorar o progresso de maneira contínua.
A OMS também
alertou neste ano que uma outra pandemia de gripe - que é causada por vírus
transmitidos pelo ar - é inevitável, e que o mundo deveria se preparar para
isso. terra/Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom
Ghebreyesus 14/08/2018 REUTERS/Denis Balibouse Foto: Reuters