O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF),
Gilmar Mendes criticou duramente modelo persecutório da Lava Jato e as
tentativas de monetização da operação por parte do procurador e coordenador da
força-tarefa, Deltan Dallagnol. Para ele os fatos já revelados pela Vaza Jato
“são extremamente graves” e “precisam ser investigados”. Em entrevista ao
jornalista Kennedy Alencar, no Jornal da CBN 2ª Edição, ele também
responsabilizou a imprensa conservadora de ser a grande responsável pela
criação do "modelo opressivo" da Lava Jato e condenou "a falta
de sensibilidade moral" dos procuradores que ironizaram o luto do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela morte de pessoas próximas e que
defendeu que ele tenha direito a um novo julgamento devido a uma “possível
parcialidade” do sistema em sua condenação.
"A
população sabe o que é enterrar um parente, enterrar um neto, e fazer
brincadeira em torno disso mostra uma falta de sensibilidade moral muito
grave", disse Gilmar. Para ele, pode ter havido “possível parcialidade”
do Judiciário no caso de Lula o que poderia justificar um novo
julgamento.
“O
Judiciário vive sua maior crise institucional porque num só ato e num só
contexto foram atingidos dois pilares do sistema judicial. Foram atingidos
frontalmente a Procuradoria Geral da República e a Justiça Federal. A bem
verdade que se poderá dizer que isso atingiu uma determinada vara, um
determinado setor, eventualmente afeta tribunais, mas o sistema todo foi
contaminado por esta coisa”, destacou.
O
ministro também criticou a monetização da Lava Jato por meio de palestras
feitas pelos procuradores envolvidos. “A mercancia que se faça com cargos, a
tentativa de se obter lucros com o próprio cargo, a venda... A maior imputação
que vi até agora de mau uso da Lava Jato aparece naqueles diálogos entre o
corregedor e o Dallagnol (procurador e coordenador da operação Deltan Dallagnol
em que ele diz: vocês estão monetizando a Lava Jato. Você não pode monetizar a
Lava Jato. O que é monetizar uma operação? É monetizar uma função púbica. Isso
tem um nome no código penal. Então isso é grave. E os vários desvios, o intuito
persecutório. Tudo isso é muito grave e precisa ser investigado.
Na
entrevista, Gilmar criticou ainda as milícias ao dizer que “o combate ao crime
não pode ser feito cometendo crime" e que é "preciso ter muito
cuidado com justiçamentos e justiceiros”.
Veja
a íntegra da entrevista aqui. / Foto STF