O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi vaiado nesta
quinta-feira durante uma sessão solene no Senado em homenagem ao Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado na quarta. Salles foi brevemente hostilizado
durante seu discurso e, de forma mais forte, ao seu final. Ele saiu em seguida,
alegando outro compromisso. Alguns dos presentes gritaram, primeiro,
"fica, fica" e, depois, "fujão".
Na saída, Salles disse a
jornalistas que as discordâncias fazem parte da democracia.
— A democracia é assim. Cada um
pode ter a a reação que quiser.
Questionado sobre por que não atendeu a
um apelo do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para continuar na sessão, o
ministro alegou que tinha um compromisso. De sua agenda consta que ele fará uma
palestra às 14h no Clube Militar, que fica no Rio de Janeiro.
— Eu tenho um compromisso, infelizmente
não posso continuar. Está na agenda.
Também participaram da sessão a
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e o ministro Herman Benjamin, do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), entre outras autoridades. O evento foi
marcado atendendo a um requerimento da senadora Eliziane Gama (PPS-MA).
Ministro nega
desmonte do ministério
Salles foi vaiado pela primeira vez
quando negou que houve um desmonte de órgãos do ministério como o Ibama e o
ICMBio. Ele alegou que recebeu a pasta com diversos problemas e que está
tentando corrigi-los.
— Com relação aos nossos órgãos que desempenham
um papel importante nesse trabalho, o Ibama e o ICMBio, e à frase que tem sido
dita, do desmonte, é absolutamente inverídica. Ao contrário, o desmonte foi
herdado... — afirmou, sendo interrompido por vaias. — Podem se manifestar à
vontade! O desmonte foi herdado de gestões anteriores. Quem recebeu a
fragilidade orçamentária fui eu. Quem recebeu um déficit gigantesco de
funcionários, fui eu. Quem recebeu frotas sucateadas e prédios abandonados, fui
eu. Portanto, se houve desmonte, desmonte houve antes e não agora. Agora há uma
tentativa de, através de uma boa gestão e investimentos mais eficientes,
reverter esse quadro para que possa cumprir o seu papel.
O ministro iniciou seu discurso
dizendo que todos ali concordavam com a defesa do meio ambiente, mas que
divergiam na forma de que essa defesa deve ser feita:
— E não há pessoa minimamente
razoável que possa negar o valor da defesa do meio ambiente e dessas questões,
presentes e futuras, creio que colocadas por todos até aqui e também pelos que
me seguirão. Portanto, quanto a isso, temos absoluta convergência de visões. A
forma de fazer isso é que me parece que traz caminhos distintos, caminhos
distintos que também contemplam diferenças entre versões e fatos.|oglobo / O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante sessão solene no Senado Foto: Geraldo Magela/Agência Senado