Em palestra em São Paulo nesta quinta-feira (30), o
ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que a "chave do
sucesso é a educação" e que "dar educação e serviços sociais não é
caridade, é uma ferramenta de desenvolvimento econômico". A declaração
acontece num dia de mobilizações de estudantes, professores e trabalhadores
contra os cortes na Educação feitos pelo governo de Jair Bolsonaro.
"Se você um país que não tem este tipo de investimento nas
pessoas [em educação], ele provavelmente não será bem-sucedido", disse o
ex-presidente norte-americano, segundo reportagem do site UOL.
Obama disse que "não existe um mercado funcional sem um bom
governo" e que sem um bom sistema educacional "não tem um bom
mercado". Segundo ele, por meio do investimento na educação, a economia
dos países cresce, a força de trabalho tem maior qualidade e as empresas
prosperam.
Ele lembrou de uma de suas visitas ao Brasil, em que
visitou uma favela no Rio de Janeiro, onde jogou futebol com "meninos como
ele".
"A única diferença é que eu tive oportunidades, fui capaz
de ter mais conhecimento, superando algumas adversidades. E sempre lembro que,
se a gente pode dar as estas pessoas as mesmas oportunidades, uma destas
crianças pode acabar inventando a cura do câncer, criar a próxima inovação
tecnológica", disse.
Obama enfatizou que tanto o Brasil quanto os EUA têm a mesma
origem na desigualdade, mas disse que a Constituição americana deu os caminhos
para a democracia ao incluir todas as pessoas. "Quanto maior a inclusão,
mais bem-sucedido é o país", afirmou. "Se os negros e as mulheres
forem excluídos, você deixará talentos de fora", disse.
Armas
Outro comentário de Obama que se alinha ao debate no Brasil foi
quando ele falou sobre a política de acesso as armas. Questionado sobre o pior
dia em seus dois mandatos, o ex-presidente citou o atentado de Sandy Hook, onde
20 crianças de uma escola infantil foram mortas por um atirador, além de sete
professores e do atirador.
"Minhas filhas não eram muito mais velhas do que as
crianças assassinadas, e tive que confortar os pais delas. E alguns aqui podem
não saber sobre as leis para compra de armas dos EUA. Elas não fazem o menor
sentido, qualquer pessoa pode comprar qualquer arma a qualquer momento e até
pela internet. Para mim, ter que falar com os pais que perderam seus filhos foi
muito difícil", disse.
"E não pude nem prometer mudanças na legislação que
impedissem que algo assim ocorresse com os filhos de outras pessoas. Isso foi a
maior frustração para mim", completou.|Foto reprodução