O governo de Jair Bolsonaro enviou um telegrama à Organização das Nações Unidas (ONU) onde afirma que "não houve golpe de Estado" em 31 de março de 1964 e que os 21 anos de ditadura militar visavam “afastar a crescente ameaça de uma tomada comunista do Brasil e garantir a preservação das instituições nacionais, no contexto da Guerra Fria".
O telegrama foi uma resposta do governo brasileiro às críticas do relator especial da ONU sobre Promoção da Verdade, Justiça, Reparação e Garantias de Não Repetição, Fabian Salvioli, que na semana passada qualificou a decisão de Bolsonaro determinando que a data fosse comemorada como “imoral e inadmissível”.
De acordo com reportagem da BBC Brasil, o governo brasileiro considerou as críticas de Salvioli como sendo algo "sem fundamento" e que ele "deve respeitar os processos nacionais e procedimentos internos em suas deliberações". Ainda segundo a mensagem do Itamaraty, o "governo defende o direito à liberdade de expressão e de pensamento e saúda o debate público sobre os eventos ocorridos no período 1964-1985 no Brasil" e que o “os anos 1960-70 foram um período de intensa mobilização de organizações terroristas de esquerda no Brasil e em toda a América Latina" e que a derrubada do então presidente João Goulart contou com o apoio da "maioria da população”.
“Neste contexto, o presidente Bolsonaro está convencido da importância de colocar em perspectiva a data de 31 de março de 1964", diz outro trecho do telegrama segundo a reportagem da BBC. "O presidente reafirmou em várias ocasiões que não houve um golpe de Estado, mas um movimento político legítimo que contou com o apoio do Congresso e do Judiciário, bem como a maioria da população. As principais agências de notícias nacionais da época pediram uma intervenção militar para enfrentar a ameaça crescente da agitação comunista no país”, completa o texto.
Na sexta-feira da semana passada, Salvioli divulgou um comunicado onde afirmava que "tentativas de revisar a história e justificar ou relevar graves violações de direitos humanos do passado devem ser claramente rejeitadas por todas as autoridades e pela sociedade como um todo". Ainda segundo ele, “um regime que trouxe tamanho sofrimento à população brasileira é imoral e inadmissível em uma sociedade baseada no Estado de Direito. As autoridades têm a obrigação de garantir que tais crimes horrendos nunca sejam esquecidos, distorcidos ou deixados impunes”.|Imagem do google