O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso considera que com Bolsonaro, o Brasil está à deriva. FHC, que praticou exaustivamente o presidencialismo de coalizão quando esteve à frente do governo (1995-2002), diz que o governo "precisa entender que negociar com deputados e senadores não deve ser confundido com falcatruas". Semanas atrás, FHC advertia: "presidente que não entende a força do Congresso pode cair".
As declarações foram dadas em entrevista ao jornal O Globo, que lembra: "No domingo retrasado, FH já havia mandado um recado para Bolsonaro: presidente que não entende a força do Congresso pode cair".
FHC rememora que viu a queda de muitos presidentes e explica por que alertou Bolsonaro para o risco de também ele ser derrubado: "Queria falar com o governo que do jeito que as coisas vão, (o país) está à deriva. Será que ele escutou? Não sei. O Brasil vai precisar fazer alguma reforma e o governo precisa entender que negociar com o Congresso não é fazer o mensalão. Ou tem um projeto e chama aqueles que vão decidir para participar ou fica sozinho. Não pode olhar a representação parlamentar, fechar o nariz e dizer: essa gente não tem nível".
O ex-presidente tucano bate de novo na tecla: "Na democracia ou na ditadura você reparte o poder ou não tem como governar. Se você não tem competência para repartir o poder, você compra o poder. Isso não dá. Mas (Bolsonaro) não pode confundir dividir poder com comprá-lo".
FHC defende a reforma da Previdência: "Em última análise, a reforma da Previdência agora vai dar liberdade para o governo governar".
O ex-presidente é crítico ao fato de que os militares estão ocupando muitas posições no governo, mas não crê que eles queiram restabelecer a ditadura. Considera que no governo Bolsonaro tem gente "com pulso autoritário", mas que isto é diferente de 1964. Ele também refuta a tese, corrente no exterior, de que o Brasil esteja marchando para o fascismo.
Quando fala sobre a oposição, FHC liga a metralhadora giratória: "Está tudo esgarçado. Não estou vendo ninguém se opor a nada. Cadê os candidatos que disputaram com Bolsonaro, o que estão dizendo? Por que não falam? Porque não há projeto. Não é por acaso. O momento é difícil mesmo".

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