Mais 5 mil pessoas,
segundo a prefeitura de Suzano, já passaram pelo velório coletivo dos
estudantes e funcionários mortos no atentado na Escola Estadual Raul Brasil, em
Suzano, no interior paulista. O velório ocorre na Arena Suzano desde as 7h de
hoje (14). No entorno do ginásio, pessoas em uma longa fila aguardam para
entrar no local e prestar solidariedade aos parentes das vítimas. Às 11h foi
celebrada uma missa, e às 14h, haverá um ato ecumênico.
Além das
famílias, estudantes da escola, pais de alunos e vizinhos estão no local. A
confeiteira Rosália Vieira de Melo, 39 anos, era amiga da coordenadora
pedagógica Marilena Ferreira Umezo, 59 anos. “Éramos irmãs de igreja. Cheguei
em Suzano em 1998 e pouco tempo depois já nos conhecemos na igreja. Ela era
voluntária e trabalhava muito nos Encontros de Casais com Cristo com a gente.
Era ministra da Eucaristia. Muito querida por todos nós. É uma grande perda,
como profissional e também como voluntária”, relembrou.
O estudante
Thales Medeiros, 20 anos, é um dos sobreviventes do atentado. Aluno do 3° ano
do Ensino Médio, ele estava no refeitório quando os atiradores chegaram e se
juntou ao grupo de pelo menos 50 pessoas que se esconderam na despensa da
cozinha. Ele mora próximo ao estudante Claiton Antonio Ribeiro, 17 anos, e fez
questão de abraçar a família do colega morto. “Ele sempre foi humilde,
respeitador. Sempre na dele, nunca arrumou confusão”, descreveu.
Thales disse
que a escola é conhecida por manter um clima tranquilo entre os estudantes. “É
muito bom. É uma escola que é difícil ter confusão. Quando tem, a diretora, as
tias, acalmam, apaziguam. É um clima muito bom, familiar mesmo. Eu mesmo já
tive muito problema na escola, era bagunceiro, e agora estou mais tranquilo. A
escola me ensinou isso”.
Sobre o
retorno para a escola, Thales disse que sabe que será um momento de muita
tristeza. “Mas temos que voltar. Fazer a alegria da escola como era antes. Aos
poucos nós vamos retomando o nosso caminho”.
Já para a
estudante Juliana Souza, 14 anos, a volta às aulas ainda não é uma certeza. Ela
estuda no centro de línguas, que funciona na Escola Raul Brasil, há cerca de um
mês. “Sempre foi uma escola 'da hora'. Sempre quis mudar para lá, porque todo
mundo se dá superbem. Ninguém esperava que isso fosse acontecer”, disse. Ela
estava na sala de aula quando começaram os tiros. “Eu acho que ninguém vai
querer mais voltar para lá. Foi um momento de desespero. Todo mundo em pânico.
Isso vai ficar na cabeça. Quando saímos da sala, vimos eles [atiradores] mortos
e também os outros alunos”, relembrou a jovem que foi ao velório acompanhada da
mãe Cristina de Souza.
Também
estiveram no velório o ministro da Educação, Ricardo Vélez, que cumprimentou as
famílias e conversou com o secretário estadual da Educação, Rossieli Soares da
Silva, e com o prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi.
Solidariedade
O azulejista
Alberto dos Santos, 53 anos, de Guarulhos, levou oito flores para homenagear as
vítimas dos dois atiradores, ex-alunos de 17 e 25 anos, que invadiram a escola
e disparam contra estudantes e funcionários, matando oito pessoas. “Faço esse
gesto porque sou pai e, como pai, precisamos olhar para os nossos filhos. O
nosso jardim está mais triste”, disse, emocionado.
O motorista
de transporte escolar Vaninho Clemente da Silva, 44 anos, contou à Agência
Brasil que estava trabalhando, levando crianças para a escola, quando soube da
notícia pelo rádio. “Ali já ficamos consternados. Tristes. Nós que somos da
área, transportamos as crianças todos os dias, e acontece um episódio desse bem
próximo da gente, é muito difícil”.
Velório
Estão sendo velados no local os corpos dos estudantes Caio Oliveira, 15 anos; Claiton Antonio Ribeiro, 17 anos; Kaio Lucas Costa Limeira, 15 anos; e Samuel Melquiades, 16 anos, além da coordenadora pedagógica Marilena Ferreira Umezo, 59 anos, e da funcionária Eliana Regina de Oliveira Xavier, 38 anos. O estudante Douglas Murilo Celestino, por motivos religiosos, está sendo velado em uma igreja da Assembleia de Deus.
Os atiradores
Luiz Henrique de Castro, 25 anos, e Guilherme Taucci Monteiro, 17 anos, estão
sendo velados em outro local.
Jorge Antonio
de Moraes, 51 anos, dono da locadora de onde os atiradores roubaram o carro
utilizado na ação, e tio do Guilherme, também está sendo velado em outro local.|agenciabrasil / REUTERS / Ueslei Marcelino / Direitos reservados