“Não há nada a comemorar neste dia. Só rezar pelos mortos e manter a certeza de que resistiremos ao autoritarismo para construir uma nação sem ódios, mágoas e perseguições.” As palavras são de Dilma Rousseff, presa e torturada pela ditadura iniciada em 1964.
Afastada do poder em 2016, a ex-presidente disse à coluna Painel, da Folha, que vê “tempos sombrios” no chamado de Jair Bolsonaro às “comemorações devidas” deste 31 de março. “Os elogios descarados do presidente ao golpe mostram que estamos distantes da pacificação.”
Ela descreve o ano de 1964 como uma “ferida aberta na história do país”. “São tempos que evocam prisão, tortura, morte e exílio. (…) É duro ver que após a incansável luta pela democracia, pagamos com dor e sacrifício para assistir agora uma comemoração do golpe forjada pelo chefe de Estado.” A íntegra do texto da petista está disponível no fim desta página.
“Todos sabemos que brasileiros e brasileiras foram assassinados e estão ‘desaparecidos’ até hoje. Amigos e familiares guardam a dor da ausência de filhos e pais. Na Comissão da Verdade, eu disse que a ignorância sobre a história não pacifica. Ao contrário. A desinformação apenas facilita o trânsito da intolerância.”
Dilma foi presa aos 22 anos, acusada de integrar uma organização que fazia luta armada contra o regime. Ela ficou encarcerada por mais de três anos e, nas poucas ocasiões em que falou sobre o assunto, relatou sessões brutais de tortura.|A ex-presidente Dilma Rousseff. (Foto: Ricardo Borges/Folhapress)

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