O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, partirá
na noite desta quinta-feira para o Brasil, na primeira visita de um chefe de
Governo israelense ao país, onde assistirá à posse de Jair Bolsonaro.
Netanyahu
também vai se reunir com o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, à
margem da cerimônia de posse do presidente eleito, a ser realizada no dia 1º de
janeiro em Brasília, segundo informou uma autoridade israelense à AFP.
Netanyahu
deve se encontrar com Bolsonaro na sexta-feira à tarde no Rio de Janeiro, de
acordo com esta fonte, que pediu para não ser identificada.
Também planeja reuniões com os presidentes do Chile e Honduras, entre outras autoridades, bem como membros da comunidade judaica e um grupo cristão pró-Israel.
Netanyahu
retornará a Israel em 2 de janeiro, informou a mesma fonte.
Bolsonaro
assegurou na terça-feira que a aliança com Israel está avançando e anunciou
negociações para um projeto de dessalinização de água na região nordeste do
país, atingida pela seca.
O próximo
presidente do Brasil disse que deseja seguir os passos de seu colega americano,
Donald Trump, e transferir a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém.
Este anúncio foi celebrado por Netanyahu como "histórico".
Mas com essa
medida, Bolsonaro corre o risco de provocar represálias comerciais dos Estados
árabes, importantes importadores de carne brasileira.
Para a
comunidade internacional, o status de Jerusalém tem que ser negociado entre
israelenses e palestinos, e as embaixadas não devem se estabelecer na
localidade antes que um acordo seja alcançado.
Por outro
lado, a reunião de Netanyahu com Pompeo certamente incluirá discussões sobre a
Síria, após a decisão do presidente Donald Trump de retirar os cerca de 2.000
soldados americanos presentes no país em guerra.
Israel está preocupado que seu principal inimigo, o
Irã, tenha mais poder de manobra no país vizinho após a retirada dos Estados
Unidos.
O Irã apoia
o regime do presidente sírio Bashar al-Assad. Por sua vez, Netanyahu prometeu
impedir que Teerã se estabeleça militarmente no país fronteiriço.
O
primeiro-ministro israelense, que também desempenha o papel de ministro das
Relações Exteriores, realizou no ano passado a primeira viagem de um
primeiro-ministro israelense à América Latina, visitando Argentina, Colômbia e
México.
Seu objetivo
tem sido expandir o alcance diplomático de Israel através da exportação de
tecnologia e defesa, e tentar persuadir mais países a votarem a seu favor nas Nações
Unidas, onde frequentemente recebe duras críticas pelo tratamento dado aos
palestinos.
A viagem ao
Brasil ocorre em um momento delicado internamente para Netanyahu, depois que o
parlamento de Israel aprovou na quarta-feira a decisão de convocar eleições
antecipadas em 9 de abril.
Netanyahu
procura estender seu longo reinado, mas um grande número de investigações por
corrupção compromete o seu futuro. [em / foto: AFP / Menahem KAHANA ]