O presidente eleito, Jair Bolsonaro, participará, nesta segunda-feira, de um rito que antecede a
sua posse em janeiro. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) diplomará o capitão e
o seu vice, General Hamilton Mourão, em um evento que simboliza que o vencedor nas urnas cumpriu
todas as regras exigidas pela justiça eleitoral. A partir da entrega desse
atestado, partidos políticos e o Ministério Público Eleitoral podem contestar o
mandato, caso considerem que tenha havido abuso de poder econômico, corrupção
ou fraude na disputa.
Bolsonaro teve suas contas
eleitorais aprovadas com ressalvas na terça-feira passada, 4. O ministro Luís
Roberto Barroso, relator do caso, seguiu o parecer da área técnica do tribunal
que apurou inconsistências na prestação de contas, mas segundo ele isso não
comprometeu a regularidade nem a disputa nas urnas. Isso porque o valor
irregular representou apenas 0,19% do total arrecadado.
De todo
modo, o TSE exigiu a devolução dos 8,2 mil reais que foram considerados
irregulares de um volume de doações de 4,4 milhões de reais. “Esse valor de
pequena expressão não acarreta a reprovação das contas”, afirmou Barroso ao
votar. Outro ponto que gerou uma série de críticas à campanha do candidato
eleito (e ao tribunal eleitoral), o uso de notícias falsas disparadas pelo
WhatsApp, tampouco foi considerado fator a desabonar sua diplomação.
A dúvida
agora paira sobre o patrimônio declarado da família Bolsonaro. Segundo a
revista Época, o presidente eleito e seus três filhos dizem
acumular 6,1 milhões em bens, apesar de viverem exclusivamente de seus salários
(exceto Flávio que também é sócio de uma fábrica de chocolates). E todos
tiveram uma curva de crescimento patrimonial acentuada. A família é dona de 13
imóveis no Rio de Janeiro que somam, em valor de mercado aproximado, 15 milhões
de reais pela localização privilegiada: Rio Copacabana, Barra da Tijuca e Urca,
segundo a Época.
Além disso, um relatório do
Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentações
bancárias suspeitas na conta de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, no
valor de 1,2 milhão de reais. Havia um depósito de 24 mil reais em cheque para
Michele, esposa de Jair Bolsonaro. O presidente eleito afirmou que essa
operação se deveu ao pagamento de uma dívida contraída por Queiroz, numa
declaração que gerou uma nova leva de dúvidas sobre o caso. Até mesmo aliados,
como o vice Mourão, afirmaram que é preciso esclarecer de onde vem o dinheiro
do ex-assessor. De acordo com o relatório, Queiroz era motorista e recebia 23
mil reais mensais.
O rito de
diplomação – que é realizado desde 1951, com interrupção na ditadura – está
previsto para começar às 16h e deve durar entre 45 e 50 minutos, de acordo com
o jornal. A ministra Rosa Weber, presidente do TSE, vai abrir a solenidade, que
também vai contar com um discurso de Bolsonaro. Nesse meio tempo, adversários
ainda podem questionar as contas eleitorais e os órgãos públicos podem colocar
em xeque as movimentações financeiras que antecederam as eleições. [exame /
Foto REUTERS/Adriano Machado (/) ]