Os assaltos a instituições bancárias financiam facções e ajudam a financiar o tráfico de drogas na Bahia. Não é só o baixo contingente policial que atrai assaltantes de banco às pequenas cidades do interior da Bahia, onde, segundo dados do Sindicato dos Bancários, ocorreram 85% dos ataques a agências este ano.
Com acesso fácil por estradas de chão, muitas delas com possibilidades de ligação direta com outros estados, os bandidos buscam as cidades pequenas, porque perto delas estão matas e zonas fechadas, informa a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA).
As explosões a bancos em Macarani e o ataque à Prosegur, em Eunápolis, ilustram também outra situação atrelada ao crime organizado, que é a prática desses crimes para arrecadação de dinheiro para financiar o tráfico e capitalizar as facções.
No caso da capitalização, ela serve tanto para compra de mais drogas, o que pode resultar em fazer mais dinheiro, como também para compra de armas e reposição de algum eventual prejuízo com apreensões da polícia.
Os ataques a bancos e, sobretudo, a empresas de transporte de valores, onde geralmente se guardam milhões de reais num final de semana, são uma prática que o PCC tem difundido pelo Brasil com o apoio de facções locais.
Na Bahia, como no caso de Eunápolis, com a facção MPA, o PCC age em parceria com as facções Bonde do Maluco, Caveira, Katiara, Comando da Paz, que são as maiores que existem no estado, segundo fontes da Polícia Civil.
A Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) não comenta diretamente os casos, mas segundo delegados consultados pelo CORREIO, a associação ocorre mais para compra de drogas e fornecimento de armas, em troca de repasse de lucros para o PCC.
De acordo com o analista criminal Guaracy Mingardi, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o PCC possui uma estrutura organizada somente para isto, com ações que considera como “cinematográficas”.
“Eles sempre usam entre 30 a 40 pessoas, com armas pesadas, são ações muito bem planejadas, usam só o WhatsApp para se comunicar e depois jogam fora o celular, e descobriram um jeito de explodir as empresas de transporte de valores, que são verdadeiras fortalezas”, disse Mingardi.
“Para superar os muros concretados, os criminosos constroem um portal com trilho de trem, explodem a parede e abrem aporta para entrar. Nas ruas, colocam carros incendiados para a polícia não passar, mas só fazem isso quando sabem que tem muito dinheiro”, contou.
Na prisão, diz o analista criminal, os membros dos PCC estão passando as informações para quem está perto de ter uma saída, seja temporária ou condicional, com o objetivo de realizar outras ações.
“Essa é uma forma de as ações não pararem, eles disseminam rápido essas informações entre eles, é uma corrente muito forte”, afirmou, destacando que o PCC tem evitado entrar em confronto com a polícia. “Ou fogem ou tentam subornar”, ele disse. “Os armamentos pesados são usados para assaltos, contra facções rivais, mas contra a polícia é bem difícil eles baterem frente”. As informações são do Correio24horas.