Não fosse pelo olhar de tristeza da maioria
dos presentes - e pelo próprio local, o Cemitério Ordem 3ª de São Francisco, na
Baixa de Quintas -, daria para chamar de celebração à vida. O enterro do músico
e mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa, o Moa do Katendê, 63 anos, na
tarde desta segunda-feira (8), foi marcado por emoção, indignação e o que Moa
mais prevaga em sua arte: amor e resistência.
Assassinado com 12 facadas durante
uma discussão política na noite deste domingo (7), no Engenho Velho de Brotas,
depois do 1º turno das Eleições 2018, Moa do Katendê foi velado sob salvas de
palmas que, de tão longas, quase soavam música aos ouvidos das mais de 500
pessoas - entre familiares, anônimos e artistas -, que foram se despedir do
mestre.
Amigo de Moa, Antônio Carlos dos Santos, o Vovô
do Ilê, presidente e fundador do bloco Ilê Ayê, afirmou que "o negro não
pode parar de resistir", comentando a informação da polícia de que
Romualdo foi morto em uma briga em que se posicionou contra Jair
Bolsonaro, candidato à Presidência da República pelo PSL.
Autor das facadas, o barbeiro Paulo Sérgio Ferreira de
Santana, 36, preso em flagrante, foi reinterrogado no final da tarde desta
segunda-feira e voltou a negar que a motivação tenha sido política.|correio24h / Foto reprodução