Grupo do Facebook "Mulheres Unidas Contra Bolsonaro",
criada para combater as ideias misóginas e preconceituosas de Bolsonaro reuniu
em poucos dias mais de 1 milhão de seguidoras contra o candidato de extrema
direita. Com a adesão surpreendente, o grupo pretende realizar atos em diversas
cidades do país contra o fascismo e a extrema direita ainda em setembro.
"Então
somos 1 MILHÃO, um milhão de vozes que gritam e exigem serem ouvidas, somo um
milhão de olhos que miram um futuro que nos contemple, um milhão de braços
erguidos pela luta, um milhão de corpos que existem e resistem, de corpos que
não aceitam serem violados, deixados de lado. Somos um milhão de MULHERES que
não performam o papel de coadjuvantes! SOMOS PROTAGONISTAS, SENHORAS DE NOSSOS
DESTINOS! Queremos alguém que nos represente, que esteja de acordo com nossas
necessidades, com nossas pautas! Não aceitaremos menos, NENHUMA A MENOS, POIS
JUNTAS SOMOS MAIS FORTES!", escreveu Ludmila Teixeira, uma das
administradoras da página.
"O
primeiro milhão de mulheres contra o Bolsonaro! É uma marca histórica em meio a
tantos retrocessos e perseguições políticas! Estamos muito felizes de poder
fazer parte deste momento, não está sendo fácil, mais aos poucos vamos
conseguir mudar a realidade. Que esse marco seja também uma homenagem a nossas
antepassadas, que com muita luta conseguiram colocar a mulher como ser político
dentro da sociedade. Nosso discurso não bate, argumenta, não pune ...
ensina!", completou.
O grupo
fechado, que aceita apenas mulheres, cis e trans, viu o número de mulheres
inscritas na página crescerem mais de 250 mil participantes em menos de 24
horas e recebe cerca de 10 mil pedidos de adesão a cada hora. Diante da
procura, o grupo de moderadoras foi ampliado para cerca de 50 pessoas, além das
nove administradoras da página.
Segundo uma
das administradoras da página, a professora Maíra Motta, "o grupo foi
criado para ser uma organização das mulheres contra o fascismo". Outra
colaboradora, Janete Moro, destaca que o grupo agrega mulheres com "uma
diversidade de inclinações políticas de maioria no campo da esquerda, com um
ponto em comum que é combater Bolsonaro e as forças fascistas promovidas pela
mídia golpista". Segundo as regras postadas no perfil da página não são
permitidos discursos de ódio, bullying, promoção, spam ou postagens sobre
outros candidatos.
Diante da
mobilização, o grupo pretende realizar atos em diversas cidades do país contra
o fascismo e a extrema direita. "Mulheres que se opõem à candidatura de
Jair Bolsonaro não se calarão. Juntas, diversas, apoiadoras de diversas
candidaturas dizem não ao crescimento da intolerância, recusam discursos de
ódio, sexistas, homofóbicos, racistas", diz a convocação para a
manifestação marcada para o próximo dia 27, no Largo da Batata, em São Paulo.
Mais de 11 mil pessoas já confirmaram que irão participar do evento.
A rejeição
de Bolsonaro é grande entre as mulheres. Apesar de liderar a disputa
presidencial com 24% das intenções de voto, segundo pesquisa Datafolha
divulgada nesta segunda-feira (10), e possuir 17% da intenção de voto do
eleitorado feminino, ele é rejeitado por 49% delas. As mulheres somam 52% do
total de eleitores do Brasil.
Bolsonaro,
que foi esfaqueado durante um ato de campanha em Minas Gerais, já foi
denunciado pelo crime de racismo por ter usado expressões acintosas e
discriminatórias contra vários grupos sociais.
"Fui
em um quilombola [sic] em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve
lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador eles
servem mais. Mais de um bilhão de reais por ano gastado [sic] com
eles", disse Bolsonaro durante um evento.
A denúncia,
porém, acabou rejeitada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira
(11). Ele também é processado pela deputada federal Maria do Rosário (PT) por
apologia ao estupro. Em 2014, Bolsonaro afirmou que a parlamentar "não
merecia ser estuprada".|exame