Por Ricardo Miranda, em seu blog– Não sei qual é o Brasil
que William Bonner quer ver, mas certamente não é um em que Fernando Haddad
possa responder às suas perguntas. A última da série de entrevistas com
presidenciáveis feitas pelo Jornal Nacional (Assista
aqui) – abrindo o telejornal e antes que fosse mostrada a pesquisa
Datafolha que confirmou o candidato do PT em forte ascensão, já empatado em
segundo lugar com Ciro Gomes (mais que triplicando suas intenções de voto de 4%
em 22/08 para 13% em 14/09) -, teve jeito de interrogatório. Pior. Dos 27
minutos de entrevista – assisti diversas vezes para cronometrar -, 16 minutos
foram com perguntas e interrupções de William e Renata Vasconcellos, sua
parceira de palco. 16 minutos! Ou seja, Haddad teve 11 minutos. Em outras
palavras, as perguntas e interrupções tomaram 60% do tempo. William Bonner fez
53 interrupções. Renata outras 19. Em diversos momentos falaram ao mesmo tempo
que o candidato, impedindo seu raciocínio.
Mas não eram só perguntas. Bonner e sua coadjuvante de bancada no
JN fizeram ilações, deram opiniões, citaram números contestáveis, ocuparam o
tempo que podiam. Sempre com ar de deboche e colocando-se como porta-voz da
verdade, Bonner indignou-se quando, quase perdendo a paciência, Haddad tentou
diferenciar denunciado de réu, citando as Organizações Globo e, por exemplo,
seus problemas com a Receita Federal.|Foto reprodução/TVglobo