A inclusão de última hora do julgamento do registro da candidatura
Lula, na pauta de uma sessão extraordinária do Tribunal Superior Eleitoral
demonstra que o golpe no Brasil se aprofunda.
Um golpe sem metralhadoras, sem coturnos e sem quarteladas. Deixa,
no entanto, claro que definitivamente, estamos vivendo sob uma ditadura - a das
togas negras.
Numa sessão que entrou pela madrugada a maioria dos ministros do
TSE, enterra a candidatura apoiada por metade do povo brasileiro, a de Luiz
Inácio Lula da Silva, o homem mais amado deste país, preso político, encerrado
numa solitária em Curitiba.
A maioria do tribunal também votou para impedir que Lula mantenha
atividades de campanha - como o horário eleitoral no rádio e na televisão - até
que a sua coligação faça sua substituição na cabeça de chapa.
A defesa de Lula, protocolada ontem à noite, com cerca de 200
páginas contém provas e argumentos sob seu direito legal de ser candidato e
participar da campanha eleitoral.
Imaginem se em oito horas foi possível ler com a devida atenção
tantas páginas sobre questão desta complexidade.
Na verdade, os togados já tinham uma decisão pré concebida, não
importa os argumentos da defesa, do Comitê de Direitos Humanos da ONU ou o
desejo do povo brasileiro.
Os ministros sabem que se Lula disputar as eleições será o
vencedor, portanto, a missão que se impõe é tira-lo da disputa.
Mesmo que para isso joguem o país na incerteza, empurrem o Brasil
para o despenhadeiro, e contribuam para a desmoralização de uma grande Nação,
hoje não mais considerada uma democracia.
A consolidação do golpe no Brasil é alardeada no mundo inteiro, na
mídia, nos parlamentos, nas praças, teatros, universidades, igrejas ou arenas de
futebol.
Todos sabem que o Legislativo é um poder de faz de conta,
comprado; que o Executivo é comandado por uma quadrilha; e que o poder no
Brasil de hoje está nas mãos dos magistrados.
Durante o julgamento o advogado do ex-presidente Lula, Luiz
Fernando Pereira, lembrou aos ministros que cerca de 1500 casos de candidatos a
eleições no Brasil com candidaturas indeferidas tiveram o direito de participar
das eleições, se elegeram e uma vez eleitos reverteram a situação, inclusive
dois candidatos à presidência da República, em 2006, Rui Pimenta e Ana Maria.
E alertou: negar a Lula o direito de participar das eleições será
uma "decisão fora do script, fora do 'pret a porter' e bem diferente das
anteriores tomadas pelo TSE"...e poderá receber da história o "rótulo
de casuísmo".
A verdade é que parte do Judiciário brasileiro está transformando
o Brasil num país fora da lei e onde os fora da lei estão no comando.|brasil247